Agência de Notícias
Publicado em 16 de abril de 2025 às 14h34.
A China acusou Taiwan nesta quarta-feira de "dar a outra face" e de "servilismo" depois que o presidente da ilha, William Lai, propôs a Washington que iniciassem negociações comerciais sob a premissa de "tarifas zero", seguindo o modelo do tratado entre Estados Unidos, México e Canadá.
"As autoridades taiwanesas estão ignorando os interesses do povo e as perspectivas de desenvolvimento industrial, propondo um ‘amplo plano de aquisições e investimentos' para apaziguar os Estados Unidos. Isso nada mais é do que dar a outra face e adotar uma atitude servil. E tanto vender Taiwan quanto o servilismo são profundamente desprezíveis", disse a porta-voz do governo chinês, Zhu Fenglian, em uma coletiva de imprensa.
De acordo com a porta-voz, em sua "busca por independência", Lai "vem vendendo ativamente as principais indústrias vantajosas de Taiwan, apenas para enfrentar tarifas impostas pelos Estados Unidos".
"Isso contradiz o conceito que eles criaram sobre a ilusória 'relação EUA-Taiwan'. Transformaram Taiwan de um 'peão' em uma 'peça descartada'", acrescentou.
Lai propôs recentemente abrir negociações com os Estados Unidos sob a premissa de "tarifas zero", em uma tentativa de manter boas relações com Washington diante da pressão de Pequim, que reivindica soberania sobre a ilha.
"Embora Taiwan já mantenha tarifas baixas, com uma taxa nominal média de 6%, estamos dispostos a reduzi-las ainda mais até zero sobre a base da reciprocidade com os Estados Unidos", declarou Lai em um artigo de opinião publicado recentemente pela agência “Bloomberg”.
O presidente taiwanês enfatizou que Taipé "buscará reduzir o desequilíbrio comercial" com Washington por meio da aquisição de energia, produtos agrícolas, bens industriais e armas, ao mesmo tempo em que ressaltou sua intenção de aumentar o investimento em território americano e "eliminar barreiras comerciais não tarifárias".
Se essas linhas de negociação falharem e o governo Donald Trump impuser tarifas sobre semicondutores, ou reativar suas chamadas "tarifas recíprocas", que no caso de Taiwan chegam a 32%, o impacto na economia taiwanesa seria significativo.
Nesse sentido, o governo da ilha já admitiu que teria dificuldades para crescer acima de 3% este ano se esse cenário se concretizar.