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Chile vai ao 2º turno com duelo esperado entre esquerda e direita

A comunista Jeannette Jara e o conservador José Antonio Kast voltam a se enfrentar no dia 14 de dezembro na disputa pela presidência chilena

 (Raul Bravo e Rodrigo Arangua/AFP)

(Raul Bravo e Rodrigo Arangua/AFP)

Publicado em 16 de novembro de 2025 às 20h38.

Última atualização em 16 de novembro de 2025 às 21h44.

A candidata de esquerda Jeannette Jara e o conservador José Antonio Kast disputarão o segundo turno das eleições para eleger o novo presidente do Chile no próximo dia 14 de dezembro.

Com pouco mais de 62% das 40.900 urnas apuradas pelo Serviço Eleitoral do país, o Servel, na sigla em espanhol, Jara venceu preliminarmente o primeiro turno da eleição presidencial realizado neste domingo, 16, com 26,63% dos votos.

Ela foi seguida pelo republicano Kast, que recebeu 24,25%, segundo os dados preliminares. Como nenhum dos candidatos obteve mais de 50%, a presidência deverá ser decidida no próximo mês.

Ao todo, oito nomes concorreram às eleições presidenciais chilenas, com três deles disputando voto a voto a vaga da direita contra a candidata de esquerda no segundo turno.

Além de Kast, eram considerados favoritos Johannes Kaiser, do Partido Libertário Nacional, que se posicionava ainda mais à direita de Kast; e Evelyn Matthei, da coligação Chile Vamos, que reunia a centro-direita tradicional. Os dois registravam 13,94% e 13,04%, respectivamente.

Segundo jornais locais, a grande surpresa foi o resultado do populista Franco Parisi, do Partido de La Gente, que terminou a disputa em terceiro lugar com 19,05% dos votos. Essa foi a terceira disputa pelo cargo do economista que também pela terceira vez ficou no mesmo lugar dos outros dois pleitos anteriores.

Parisi foi catapultado à fama por conta de um programa de televisão que compartilhava com o irmão e, na eleição presidencial anterior, em 2021, ficou conhecido por fazer sua campanha morando nos Estados Unidos, já não podia ir ao Chile devido a um mandado de prisão por dever pensão alimentícia.

O que esperar do segundo turno no Chile

Os votos de Parisi agora serão valiosos para eleger o próximo ocupante do Palácio La Moneda, principalmente para a candidata de esquerda.

Isso porque a apuração preliminar apontar que as candidaturas que se declaram como de direita, caso de Kaiser, Kast e Matthei somam pelo menos 50% dos votos de todo o país.

Até o momento, o populista, que se diz de centro, não declarou apoio nem a Jara, tampouco a Kast. Enquanto os candidatos de direita que foram derrotados neste domingo já confirmaram apoio ao conservador no segundo turno.

"Votar em José Antonio Kast hoje é votar pelo Chile", disse Kaiser. "Acredito que o apelo de Evelyn a todos os chilenos para que se unam pela causa do Chile é muito importante. Gostaria de enfatizar esse ponto, o pedido de união, a disponibilização de nós mesmos para uma causa que não é a causa de um candidato, mas a causa do Chile", disse Kast após receber o apoio de Matthei.

Jara, por outro lado, conta com o apoio do atual presidente do Chile, Gabriel Boric, e ao passar em primeiro lugar no pleito deste domingo também comemorou sua classificação. "Somos um grande país", disse a candidata da esqueda numa resposta "à visão catastrófica do candidato opositor", segundo o El País, para a nação.

Da sede do governo, Boric também se pronunciou parabenizando Jara e Kast. O presidente pediu "um debate à altura" para o segundo turno, "pensando sempre no melhor para o Chile". "O Chile tem uma democracia saudável, uma democracia robusta que não podemos deixar de cuidar todos os dias", disse o mandatário.

Ex-ministra comunista e 'Bolsonaro chileno': quem são os candidatos à presidência

As eleições deste domingo foram realizadas em um contexto de grande desgaste no país após os protestos de 2019 e pelo descontentamento com o governo Boric, cuja aprovação beira os 30% e que deixará La Moneda em março.

A própria Jara terá o desafio agora de superar a baixa aprovação do governo no qual fez parte. Ela é ex-ministra do Trabalho do presidente e aposta da esquerda para continuar governando o Chile.

Aos 51 anos,  a candidata já marcou a primeira vez em mais de 25 anos que o Partido Comunista tem uma candidatura presidencial apoiada por todo o pacto de esquerda, após ela ter vencido as primárias na metade do ano.

Na disputa, embora seja representante do partido Comunista, Jara tenta se mostrar dialoguista e inclinada à conciliação, com críticas, inclusive ao regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, chamado por ela de líder de autoritário.

Já Kast aposta em uma plataforma que evoca comparações com líderes de outros países, como Donald Trump, Javier Milei, Nayib Bukele e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Advogado e conservador, o candidato também se diz admirador do ditador chileno Augusto Pinochet. Kast ascendeu na disputa neste ano com uma proposta que se resume contra o crime e os imigrantes irregulares, o que atingiu o núcleo das principais preocupações dos eleitores.

Desde 2006, o poder no Chile tem se alternado entre esquerda e direita, e nenhum presidente entregou a faixa presidencial a um sucessor do mesmo espectro político.

Os chilenos também foram às urnas neste domingo eleger o próximo Congresso do país. Mas os resultado só devem ser consolidados mais tarde.

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