Mundo

Piñera vai sofrer impeachment? Senado do Chile decide nesta terça

Piñera é acusado de violar o princípio da probidade e o direito de viver em um ambiente livre de poluição e de ter comprometido a honra da nação

Esta é a segunda tentativa de destituição do presidente do Chile, que assumiu o cargo em março de 2018 (Edgard Garrido/Reuters)

Esta é a segunda tentativa de destituição do presidente do Chile, que assumiu o cargo em março de 2018 (Edgard Garrido/Reuters)

A

AFP

Publicado em 16 de novembro de 2021 às 12h35.

O Senado do Chile iniciou nesta terça-feira (16) uma sessão que decidirá a eventual destituição do presidente Sebastián Piñera pelo caso revelado no "Pandora Papers" sobre a polêmica venda de uma mineradora em uma operação realizada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas.

Aprovada na semana passada na Câmara dos Deputados, a acusação promovida pela oposição de centro e de esquerda não conta, porém, com os 29 votos necessários no Senado para a destituição do presidente. Se votassem em bloco a favor da remoção de Piñera, chegariam a apenas 24.

  • Quais são as tendências entre as maiores empresas do Brasil e do mundo? Assine a EXAME e saiba mais.

Esta é a segunda tentativa de destituição do presidente do Chile, que assumiu o cargo em março de 2018 e que, após a crise social de 2019, não conseguiu se recuperar de um dos períodos mais difíceis em 31 anos de democracia.

A Câmara Alta estabeleceu para esta terça uma sessão especial no Parlamento para tratar dos termos em que a mineradora Dominga foi vendida por uma empresa de seus filhos em 2010, revelados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), conhecido como "Pandoras Papers".

A sessão de hoje deve durar mais de 10 horas.

"Viemos com a convicção de ter um debate profundo e sério, para que a corrupção seja levada a sério. Não pode continuar a ser minimizada, ou naturalizada", pediu um dos deputados acusadores, Leonardo Soto, do Partido Socialista.

O senador Manuel José Ossandón, do partido de direita da coalizão governista Renovação Nacional, garantiu que será um "dia de estudo, de reflexão, de escuta de quem acusa e também de quem defende, mas tem de votar com consciência", alertou.

Se o Senado rejeitar a acusação, não terá efeito sobre o presidente.

Na semana passada, a Câmara dos Deputados realizou uma histórica sessão, na qual o deputado socialista Jaime Naranjo leu 1.300 páginas de argumentos por quase 15 horas à espera dos votos necessários para processar a denúncia contra Piñera. Acabou sendo aprovada após quase 24 horas.

Piñera é acusado de violar o princípio da probidade e o direito de viver em um ambiente livre de poluição e de ter comprometido a honra da nação.

Segundo investigação dos veículos chilenos CIPER e LaBot, que participaram dos "Pandora Papers", os filhos de Piñera venderam a mineradora Dominga para o empresário Carlos Alberto Delano - amigo íntimo do presidente - por US$ 152 milhões.

A operação, que ocorreu durante o primeiro governo de Piñera (2010-2014), foi realizada principalmente nas Ilhas Virgens.

O pagamento deveria ser feito em três parcelas. Uma cláusula polêmica condicionou o último pagamento ao "não estabelecimento de uma área de proteção ambiental sobre a área de atuação da mineradora, conforme reivindicado por grupos ambientalistas".

Uma vez que Piñera assumiu o poder, esta área, que engloba um verdadeiro tesouro natural na costa do Pacífico, não foi considerada uma zona de proteção, conforme recomendado por sua antecessora Michelle Bachelet (2006-2010).

A oposição tem maioria no Senado com 24 cadeiras, mas os 19 votos do partido no poder, que votariam contra a destituição de Piñera, são suficientes para impedir o processo.

A sessão se divide em duas partes.

Primeiramente, falam os três deputados designados para apresentar a denúncia ao Senado - que exerce a função de júri -; e, depois, falará a defesa. Após as réplicas, haverá uma pausa, e uma nova sessão será aberta no período da tarde para cada senador discutir seu voto por 15 minutos.

Acompanhe tudo sobre:ChileImpeachmentSebastián Piñera

Mais de Mundo

Exportações da China devem bater recorde antes de guerra comercial com EUA

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"