Mundo

Chevron é condenada a pagar US$ 9,5 bi por danos ambientais

A petroleira considerou a sentença "ilegítima e inexecutável" e os demandantes voltarão a apresentar ações para cobrar a indenização no exterior


	Texaco: a companhia americana nunca atuou diretamente no Equador, mas assumiu o litígio ao adquirir a Texaco em 2001
 (Sandy Huffaker/Getty Images)

Texaco: a companhia americana nunca atuou diretamente no Equador, mas assumiu o litígio ao adquirir a Texaco em 2001 (Sandy Huffaker/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2013 às 16h37.

Quito - A companhia de petróleo americana Chevron foi condenada nesta terça-feira a pagar 9,511 bilhões de dólares por danos ambientais causados por sua filial Texaco na Amazônia equatoriana, segundo decisão de última instância da máxima corte do Equador.

A Suprema Corte Nacional de Justiça (CNJ) confirmou a sentença de 2012 contra a Texaco - que operou no Equador entre 1964 e 1990 -, mas reduziu o valor da indenização, fixado a princípio em 19 bilhões de dólares.

A petroleira considerou a sentença "ilegítima e inexecutável" e os demandantes voltarão a apresentar ações para cobrar a indenização no exterior.

A sentença "é tão ilegítima e inexecutável hoje como no dia em que foi emitida originalmente", destacou a Chevron em um comunicado, acrescentando que a única sentença que cabe neste caso é o da nulidade do processo iniciado há duas décadas.

A companhia americana nunca atuou diretamente no Equador, mas assumiu o litígio ao adquirir a Texaco em 2001.

Esta operou entre 1964 e 1990, e foi processada por 30.000 moradores da Amazônia, que a acusam de ter lançado resíduos tóxicos nos rios, causando doenças e danos ambientais.

No entanto, a Chevron sustenta que foi liberada de qualquer responsabilidade em um acordo assinado pelas autoridades da época, e acusa a petroleira estatal Petroecuador de ter feito um trabalho ruim de recuperação ambiental.


Na terça-feira, a mais alta corte equatoriana emitiu uma sentença considerada de última instância, na qual eximiu a companhia americana de assumir a responsabilidade pela contaminação da Texaco, como havia determinado a justiça a princípio, e reduziu à metade a indenização imposta no ano passado.

A Chevron, que entrou com ações em Nova York e Haia para desconsiderar o julgamento no Equador por considerá-lo fraudulento, já tinha sido condenada a pagar US$ 9,5 bilhões, mas o valor foi aumentado em fevereiro para US$ 19 bilhões por se recusar a apresentar desculpas públicas.

A CNJ, no entanto, tornou sem efeito essa parte da decisão.

Já a multinacional quer que o Estado equatoriano seja obrigado a assumir o pagamento da indenização, fazendo alusão à responsabilidade da empresa Petroecuador no desastre ambiental.

Litígio sem fronteiras

"Com esta decisão da Corte Nacional são fortalecidas as ações dos demandantes para a execução da sentença em vários países", declarou à AFP Juan Pablo Sáenz, advogado dos moradores e indígenas que processaram a Chevron.

Em novembro de 2012, um juiz argentino determinou o embargo de bens da Chevron, mas a Suprema Corte invalidou a decisão em junho, enquanto a defesa dos afetados entrou com ações similares no Brasil e no Canadá, ainda sem resolução.

O longo litígio foi marcado nos últimos meses por uma dura troca de acusações.


A Chevron se queixa de uma intromissão indevida do governo de Rafael Correa no processo, enquanto o chefe de Estado lançou no começo de outubro uma campanha midiática contra a companhia pela tentativa de desconsiderar a sentença.

Na ação apresentada há quase um mês em Nova York, a multinacional acusa o advogado americano Steven Donziger, representante dos afetados, de ter subornado juízes equatorianos.

Segundo o procurador Diego García, a companhia tentou usar nesta corte mensagens ilegalmente interceptadas enviadas a Correa, mas o juiz de Nova York desconsiderou esta comunicação.

Isso "é gravíssimo, porque hackearam as mensagens do assessor jurídico da Presidência e do presidente da República, mas somos tão transparentes que, apesar de terem nos hackeado, o juiz de Nova York rejeitou isto porque era irrelevante", afirmou Correa esta terça-feira, antes de divulgada a sentença.

Em um comunicado, a chancelaria destacou nesta quarta-feira a decisão de última instância contra a Chevron, e anunciou que o governo seguirá "adiante na defesa" perante um tribunal internacional de arbitragem de Haia, onde a Chevron tenta responsabilizar o Estado pelos danos na Amazônia.

Acompanhe tudo sobre:ChevronEmpresasEmpresas americanasIndústria do petróleoMeio ambiente

Mais de Mundo

Três ministros renunciam ao governo de Netanyahu em protesto a acordo de cessar-fogo em Gaza

Itamaraty alerta para a possibilidade de deportação em massa às vésperas da posse de Trump

Invasão de apoiadores de presidente detido por decretar lei marcial deixa tribunal destruído em Seul

Trump terá desafios para cortar gastos mesmo com maioria no Congresso