Mundo

Chevron diz que é vítima de esquema no Equador

Companhia disse que provará que é a vítima, e não a vilã, em um drama jurídico sobre devastação ambiental no país sul-americano


	Posto de combustíveis da Chevron: companhia está buscando convencer o juiz  dos EUA a barrar a aplicação do veredicto de 2011 contra a empresa no Equador
 (REUTERS/Mike Blake/Files)

Posto de combustíveis da Chevron: companhia está buscando convencer o juiz  dos EUA a barrar a aplicação do veredicto de 2011 contra a empresa no Equador (REUTERS/Mike Blake/Files)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2013 às 23h52.

Nova York - Por mais de uma década, advogados de habitantes de algumas regiões equatorianas têm afirmado que a Chevron Corp. é responsável por poluir uma faixa da floresta amazônica maior que Rhode Island, que a empresa se recusa a limpar.

Ontem, após a decisão de US$ 19 bilhões a favor dos equatorianos, a segunda maior empresa petrolífera dos EUA disse a um juiz federal de Manhattan que provará que é a vítima, e não a vilã, em um drama jurídico sobre devastação ambiental.

Em um julgamento sem júri, a Chevron está buscando convencer o juiz distrital dos EUA, Lewis Kaplan, a barrar a aplicação do veredicto de 2011 contra a empresa no Equador, que diz ser produto de coerção e evidência fabricada. Randy Mastro, advogado da empresa, disse ao juiz ontem que a decisão foi obtida por meio de fraude, coerção, extorsão, lavagem de dinheiro e suborno do juiz equatoriano que a escreveu.

Mastro apontou para o defensor principal dos equatorianos, o advogado de Manhattan Steven Donziger, e disse que ele liderou um “esquema de extorsão” que incluiu também dois outros advogados, consultores, ativistas e outros para “chacoalhar” a empresa petrolífera.

Dia do pagamento

“Isso é o que Steven Donziger estava tentando fazer contra a Chevron, forçar um grande dia de pagamento contra uma grande empresa até a dor passar”, disse Mastro. “Mas a Chevron se recusou. Ela se recusou a ser extorquida e enganada e é por isso que estamos aqui hoje”.

Kaplan disse na semana passada que há uma “considerável evidência” de que o litígio foi “manchado por fraude”.

Mastro disse ontem que a empresa com sede em San Ramon, Califórnia, está buscando uma decisão para impedir que Donziger e seus associados tentem cumprir a sentença em tribunais pelo mundo onde a Chevron tem ativos. Os demandantes processaram a Chevron em busca de pagamentos no Canadá, na Argentina e no Brasil, até agora sem sucesso. Mastro disse que Donziger poderia conseguir até US$ 1,2 bilhão com sua parte do julgamento.


Neste caso ambiental de 20 anos de antiguidade, Donziger e outros advogados de índios da região do Lago Agrio, no Equador, buscam indenização pelo suposto despejo de resíduos tóxicos de perfurações pela Texaco Inc. entre 1964 e 1992, que poluiu 3.885 quilômetros quadrados. A ação judicial continuou contra a Chevron quando a empresa adquiriu a Texaco em 2001.

Richard Friedman, um advogado de Donziger, negou ontem que seu cliente tenha cometido qualquer suborno ou irregularidade e disse que ele havia trabalhado para manter a responsabilidade da Chevron pela poluição da floresta, comparando seu cliente a líderes do direito civil dos EUA.

“Como Thurgood Marshall, como Ralph Nader, como uma lista de advogados de direitos humanos antes dele, o senhor Donziger entendeu que são necessárias mudanças legais e sociais”, disse Friedman ao juiz.

Empresa poderosa

Friedman argumentou que Donziger havia lutado contra a poderosa empresa petrolífera e assumiu a causa dos índios equatorianos que foram maltratados e discriminados no país. Ele argumentou que seu cliente persuadiu com sucesso as cortes equatorianas a manterem a responsabilidade da Chevron por suas ações em um país estrangeiro.

“Não foi bonito, mas não houve suborno”, disse Friedman. “Ele mudou a forma de pensar das pessoas. Ele está aqui hoje por causa daquele julgamento”.

Nicolás Zambrano, o juiz equatoriano que assinou a decisão a favor dos demandantes do Lago Agrio, irá testemunhar em nome de seu cliente, disse Friedman. Zambrano, que não é mais juiz, apresentou uma declaração negando alegações de que ele foi subornado.

A Chevron afirma que os advogados dos equatorianos, liderados por Donziger, “procuraram infligir o dano máximo à reputação da Chevron”. A campanha recebeu mais de US$ 10 milhões em financiamento do advogado da Filadélfia Joseph Kohn e da empresa de investimento com sede no Reino Unido Burford Capital Ltd., segundo a petroleira.

Documentos retidos

Kaplan sancionou Donziger e seus codefensores por reterem documentos da Chevron durante a partilha de informação preventiva.

“Nós temos certeza de que se o juiz Kaplan revisar a evidência por completo e seguir a lei, nós ganharemos a questão de fundo”, disse Christopher Gowen, porta-voz de Donziger.

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaAmérica LatinaChevronEmpresasEmpresas americanasEnergiaEquadorIndústria do petróleoPetróleo

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado