Sobre a saída do grupo de seis construtoras do capital da Norte Energia, o executivo afirmou que não poderia falar sobre, mas ressaltou que isso já era esperado (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2011 às 15h36.
São Paulo - O diretor de engenharia e construção da Chesf, José Ailton de Lima, afirmou hoje que é muito difícil que a concessionária Norte Energia antecipe a entrada em operação da usina de Belo Monte, cujo contrato de concessão estabelece o início de geração em 2015. De acordo com o executivo, a demora na obtenção da licença de instalação completa comprometeu o cronograma de antecipação do projeto. "A antecipação do cronograma, neste momento, é muito difícil de ser considerada", afirmou o executivo, após o encerramento do primeiro leilão de transmissão de 2011.
Além da demora na licença de instalação, a concessionária Norte Energia enfrentou dificuldades na execução das obras preparatórias para a construção da hidrelétrica, que haviam sido autorizadas na licença concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no fim de 2010.
Lima explicou ainda que o grande volume de chuvas na região das obras da usina neste ano, no Rio Xingu (PA), dificultou a construção dos acessos aos futuros canteiros de obra. "Agora já estamos num período um pouco mais seco. Neste contexto, teremos que alargar os acessos para chegarmos aos futuros locais das obras. A partir disso, iremos preparar o canteiro pioneiro e, em seguida, o definitivo", disse o executivo, afirmando que a expectativa da Norte Energia é que as obras se intensifiquem a partir julho.
Sobre a saída de um grupo de seis pequenas construtoras do capital da Norte Energia, o executivo afirmou que não poderia falar sobre as negociações, mas ressaltou que isso já era esperado. Lima lembrou que o principal interesse das empreiteiras no projeto é o contrato das obras civis, e não o investimento na hidrelétrica. "Nós, como concessionária, também não queremos as empreiteiras dentro do consórcio, pois isso gera claramente um conflito de interesse dentro da sociedade. Enquanto queremos reduzir o valor do investimento, as empreiteiras querem o aumento", afirmou Lima, que é um dos conselheiros de administração da Norte Energia. A Chesf é uma das acionistas da concessionária.
Rio Madeira
Lima afirmou ainda que "é muito difícil" que a linha de transmissão do Rio Madeira entre em operação em setembro de 2012, como previsto anteriormente. Segundo o executivo, o motivo do atraso é a exigência do Ibama de que a concessionária Interligação Elétrica do Madeira (IEMadeira) altere a posição e o tipo de quase 500 torres que compõem a linha de transmissão.
"O projeto já havia sofrido um atraso por que a licença de instalação não saiu no prazo previsto. Agora este pedido nos leva a revisar o projeto, o que tomará alguns meses", afirmou. Na última quarta-feira, o Ibama emitiu as licenças de instalação para o empreendimento. A principal exigência do documento foi a modificação na posição de algumas torres e também o seu tipo.
De acordo com o executivo, o órgão federal, com esta medida, tenta conseguir a preservação de alguns fragmentos de mata em áreas com grande ocupação humana. "Apesar de estas áreas já serem antropizadas, existem fragmentos de floresta original e o Ibama não quer que as torres ocupem estes locais", disse Lima, revelando que a IEMadeira irá entrar com recurso administrativo para contestar a exigência.
Lima explicou que a mudança exige uma revisão no estudo de engenharia. O Ibama está solicitando à IEMadeira que algumas torres do tipo estaiada, que são mais leves e mais baratas, sejam substituídas pelo tipo autoportante, mais cara. "O Ibama argumenta que a praça de sustentação das torres estaiadas é maior e por isso exigiu a alteração para o tipo autoportante."
O problema, além de implicar a revisão do projeto, é que este tipo de alteração também exigirá uma renegociação com os fornecedores dos equipamentos, que já haviam sido contratados anteriormente pela concessionária. Dado o porte do empreendimento, o executivo da Chesf explicou que alguns contratos já tinham sido acertados para que os fornecedores pudessem já se programar para fabricar os equipamentos.
"O volume das estruturas de torres para este projeto equivale à produção anual brasileira deste item. Ao modificar o projeto, os fabricantes precisam se programar na produção e na questão logística. Assim, será necessário renegociar os contratos", disse.
Em paralelo ao recurso administrativo, o executivo comentou que a IEMadeira poderá iniciar as obras nos trechos da linha de transmissão que o Ibama não solicitou mudanças. Ao todo, o projeto terá 5 mil torres. A IEMadeira tem como sócios Chesf, Furnas e Cteep.