Repórter
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 07h38.
O número total de chegadas de estudantes estrangeiros com vistos estudantis nos Estados Unidos caiu 28% em julho na comparação anual, segundo dados da Administração de Comércio Internacional (ITA, na sigla em inglês), na quarta queda consecutiva do ano.
Em julho de 2024, o total de chegadas de estudantes estrangeiros nos EUA foi de 110 mil. Neste ano, o número caiu para 79 mil no mesmo período.
A queda foi maior para estudantes asiáticos. A chegada de estudantes da Índia despencou 46%, enquanto a China registrou um declínio de 26% na comparação ano a ano. O declínio é particularmente preocupante nesse caso, já que os dois países são as maiores fontes de estudantes estrangeiros nos EUA.
As universidades dos EUA já alertaram que as matrículas de estudantes internacionais pela primeira vez devem cair cerca de 30% neste semestre, o que pode resultar em uma perda de até US$ 2,6 bilhões em receitas de matrícula, segundo a Bloomberg.
As consequências da queda no número de estudantes estrangeiros deve ser sentida principalmente em estados como Califórnia e Nova York, que podem perder mais de US$ 1 bilhão em receitas anuais com a redução no número de matrículas de estudantes estrangeiros, segundo a Associação de Educadores Internacionais (NAFSA, na sigla em inglês). Outras regiões como Texas, Massachusetts, Illinois, Flórida, Michigan, Ohio e Pensilvânia também devem ver perdas superiores a US$ 200 milhões.
As universidades dos EUA, especialmente as públicas, têm se tornado cada vez mais dependentes dos estudantes internacionais para financiar o ensino superior, segundo a NAFSA. Estudantes estrangeiros pagam taxas de matrícula mais altas, o que ajuda a subsidiar os custos de educação dos alunos domésticos. Se a queda continuar, muitas universidades terão que ajustar suas estratégias financeiras, o que pode resultar em aumento nas taxas para alunos locais ou até mesmo cortes em programas acadêmicos e contratações de pessoal, aponta a associação.
A Universidade Estadual do Arizona (ASU, na sigla em inglês), por exemplo, já mencionou que os atrasos no processamento de vistos causaram mais disrupção do que a pandemia da covid-19. E instituições com grandes populações de estudantes asiáticos, como a Universidade do Sul da Califórnia (USC), que já enfrenta um déficit de US$ 200 milhões, devem ser ainda mais impactadas pela queda.
Entre os principais fatores para essa queda está a suspensão temporária de entrevistas para vistos de estudante entre maio e junho deste ano, no pico da temporada de inscrições para o semestre de outono no hemisfério Norte (a partir de setembro). A pausa gerou grandes atrasos e acúmulos em consulados dos EUA no mundo todo.
A exigência de triagem obrigatória de redes sociais para todos os candidatos a visto de estudante, implementada em junho pelo governo de Donald Trump, também gera uma onda de incerteza entre os estudantes.
Os altos índices de recusa de vistos F-1 também contribuíram para esse declínio. Segundo a Inside Higher Ed, para cada aumento de 10% nas taxas de recusa de vistos F-1, há uma diminuição de 12% nas novas matrículas de estudantes internacionais.