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Chefe do governo de Hong Kong quer diálogo com manifestantes

Hong Kong enfrenta a maior onda de protestos de sua história, que começou contra o projeto de lei que permitiria extradições para a China

Hong Kong: as manifestações contra o governo começaram em junho (Chris McGrath/Getty Images)

Hong Kong: as manifestações contra o governo começaram em junho (Chris McGrath/Getty Images)

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AFP

Publicado em 5 de setembro de 2019 às 13h49.

Última atualização em 5 de setembro de 2019 às 14h02.

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, pediu diálogo nesta quinta-feira (5) aos manifestantes do território, um dia depois de retirar o polêmico projeto de lei sobre extradições.

O anúncio foi considerado insuficiente pelo movimento pró-democracia.

O projeto de lei, que permitiria extradições para a China continental, deflagrou em junho uma mobilização sem precedentes na ex-colônia britânica desde sua devolução à China em 1997.

Durante várias semanas, o governo da região semiautônoma de Hong Kong não cedeu neste ponto, aceitando apenas "suspender" o projeto de lei. Neste período, o movimento pró-democracia alterou os métodos de ação, em alguns momentos violentos, e ampliou sua pauta de reivindicações.

Na quarta-feira à noite, Carrie Lam finalmente cedeu, com um recuo incomum para um governo leal a Pequim.

"O governo retirará oficialmente o projeto de lei para apaziguar por completo as preocupações da população", declarou.

Em um tom mais conciliador, Lam pediu o fim da violência e um "diálogo" com o governo.

"Devemos substituir os conflitos pela conversa e buscar soluções", disse ela, explicando que a retirada do texto é uma tentativa de "impedir a violência e acabar com o caos, restabelecer a ordem social e ajudar nossa economia a progredir".

Lam fez um apelo para que os manifestantes participem de um diálogo com sua administração e se afastem da ala radical do movimento, envolvida em confrontos cada vez mais violentos com as forças de segurança.

O recuo de Lam foi recebido com ceticismo pelos manifestantes.

"Se Carrie Lam tivesse retirado o projeto de lei há dois meses, isto poderia ter significado uma solução rápida ao conflito", declarou uma manifestante encapuzada, que pediu para não ser identificada, durante uma "entrevista coletiva cidadã".

"Mas colocar um curativo meses depois na carne já putrefata não vai curá-la", completou.

Várias convocações de protestos foram publicadas em fóruns de manifestantes. Algumas pedem a perturbação dos meios de transporte que levam passageiros ao aeroporto internacional de Hong Kong, o oitavo mais frequentado do mundo.

Os deputados pró-democracia rejeitaram a concessão de Carrie Lam e até políticos próximos ao governo consideraram que a retirada do projeto de lei não seria suficiente para apaziguar a revolta popular.

Além da retirada do texto, os manifestantes têm quatro demandas fundamentais: uma investigação independente sobre a violência cometida pelas forças de segurança, anistia para os manifestantes detidos, o fim do uso da palavra "amotinados" para classificar os manifestantes e a instauração do sufrágio universal direto.

Este último ponto representa uma linha vermelha para Pequim.

Lam se recusou a fazer qualquer concessão sobre as quatro exigências.

Nos fóruns de Internet usados pelo movimento pró-democracia, diversos comentários destacam que a retirada do projeto não significa o fim dos protestos.

"Cinco exigências principais, nem uma a menos. Libertem HK [Hong Kong], revolução agora", afirma uma mensagem amplamente difundida pelo aplicativo Telegram.

Em virtude do princípio "um país, dois sistemas", que presidiu o acordo de reintegração de Hong Kong à China, o território goza de ampla autonomia. Mas os manifestantes consideram que Pequim interfere cada vez mais na cidade.

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