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Ex-chefe do Exército diz que Irmandade Muçulmana acabou

Abdel Fattah al-Sisi pareceu descartar qualquer reconciliação com o movimento islâmico


	Protesto da Irmandade Muçulmana no Egito: Sisi acusou o movimento de ter ligações com grupos militantes violentos
 (Reuters)

Protesto da Irmandade Muçulmana no Egito: Sisi acusou o movimento de ter ligações com grupos militantes violentos (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2014 às 21h40.

Cairo - O candidato favorito à eleição presidencial no Egito Abdel Fattah al-Sisi pareceu descartar nesta segunda-feira qualquer reconciliação com o movimento Irmandade Muçulmana, levantando o espectro de um conflito prolongado com um grupo que ele disse estar acabado.

Sisi, que depôs o presidente eleito islâmico Mohamed Mursi em julho depois de grandes protestos contra o governo da Irmandade Muçulmana, acusou o movimento de ter ligações com grupos militantes violentos, acrescentando que foram desbaratados dois planos para assassiná-lo.

"Eu quero dizer a vocês que não fui eu que acabei (com a Irmandade Muçulmana). Vocês, egípcios, são os únicos que terminaram com isso", disse Sisi em uma entrevista conjunta às emissoras privadas CBC e ONTV transmitida nesta segunda-feira.

Questionado se a Irmandade deixaria de existir durante a sua Presidência, Sisi respondeu: "Sim, isso mesmo".

Sisi deve vencer facilmente a eleição presidencial em 26 e 27 de maio. O único outro candidato é o político de esquerda Hamdeen Sabahi, que ficou em terceiro lugar na eleição de 2012 vencida por Mursi.

Os partidários de Sisi o consideram uma figura decisiva que pode estabilizar um país atormentado por protestos de rua e violência política desde que uma revolta popular apoiada pelo Exército derrubou o presidente Hosni Mubarak, em 2011.

A Irmandade, que diz ter compromisso com o ativismo pacífico, acusou Sisi de encenar um golpe e planejar a remoção de Mursi, o primeiro presidente eleito livremente no Egito.

Sisi, um chefe da inteligência militar sob o regime de Mubarak, confirmou os rumores de que houve ameaças contra a sua vida, destacando os desafios de segurança enfrentados no Egito, um aliado estratégico dos Estados Unidos no coração do mundo árabe.

Sisi disse que houve "duas tentativas para me assassinar. Eu acredito em destino, eu não tenho medo".

Uma insurgência militante islâmica vem crescendo desde a derrubada de Mursi. Militantes mataram várias centenas de membros das forças de segurança em bombardeios e tiroteios. O ministro do Interior sobreviveu a um atentado em setembro.

As autoridades apoiadas pelo Exército proibiram a atividade da Irmandade, que ganhou todas as eleições depois da queda de Mubarak. Milhares de seus partidários foram presos e centenas morreram. Os principais líderes, incluindo Mursi, estão em julgamento.

Na semana passada, um tribunal condenou à morte o líder da Irmandade, Mohamed Badie, e centenas de apoiadores. Dissidentes seculares também foram presos, deixando pouca oposição organizada ao governo apoiado pelos militares.

Embora a Irmandade esteja sob forte pressão, o mais antigo e organizado movimento islâmico do Egito sobreviveu à repressão sob sucessivos líderes militares, começando com Gamal Abdel Nasser, em 1954.

Sisi disse que sua campanha seria pouco convencional - uma aparente referência às preocupações com a sua segurança. Até o momento, não há planos anunciados para ele aparecer em público.

Os islâmicos e o Estado egípcio são velhos inimigos. Militantes assassinaram o presidente Anwar al-Sadat, em 1981, principalmente por causa do tratado de paz com Israel. Mubarak também sobreviveu a tentativas de assassinato.

Texto atualizado às 21h39min do mesmo dia com mais informações.

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