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Chefe da ONU chama guerra de absurdo no século de XXI em visita à Ucrânia

Em sua primeira visita à Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, Guterres se reunirá durante a tarde em Kiev com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky

Diretor-geral da ONU, Antonio Guterres, visita a Ucrânia  (Sergei SUPINSKY/AFP)

Diretor-geral da ONU, Antonio Guterres, visita a Ucrânia (Sergei SUPINSKY/AFP)

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AFP

Publicado em 28 de abril de 2022 às 11h30.

Última atualização em 28 de abril de 2022 às 11h55.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, visitou nesta quinta-feira (28) áreas próximas a Kiev onde os ucranianos acusam os russos por um massacre de civis e descreveu a guerra como um "absurdo no século de XXI", ao mesmo tempo que pediu a Moscou que aceite cooperar com a investigação internacional sobre as supostas atrocidades.

"Quando vemos este lugar horrível, entendo como é importante ter uma investigação completa e estabelecer as responsabilidades. Peço à Rússia que aceite cooperar com o TPI" (Tribunal Penal Internacional), declarou Guterres em Bucha.

Em 2 de abril, na cidade de Bucha, uma cena provocou grande comoção no mundo: uma rua repleta cadáveres. A ONU documentou o "massacre, incluindo algumas execuções sumárias", de 50 civis durante uma missão na cidade.

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Em Borodianka, outra localidade próxima a Kiev, Guterres considerou a guerra um "absurdo no século XXI", diante edifícios em ruínas.

"Imagino minha família em uma destas casas destruídas. Vejo minhas netas fugindo em pânico. A guerra é um absurdo no século XXI. A guerra é o mal. Não há como uma guerra ser aceitável no século XXI", acrescentou.

Em sua primeira visita à Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, Guterres se reunirá durante a tarde em Kiev com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Intensificação da ofensiva

A visita do secretário-geral da ONU acontece dois dias depois de sua viagem a Moscou, onde se reuniu com o presidente Vladimir Putin e pediu à Rússia que colabore com a organização para permitir a retirada dos civis das áreas bombardeadas.

Estas regiões, do sul e leste, onde se concentram a ofensiva russa, registraram ataques intensos nesta quinta-feira.

"O inimigo intensifica a ofensiva. Os ocupantes executam ataques praticamente em todas as direções, com uma atividade particularmente intensa nas regiões de Kharkiv e Donbass", afirmou o Estado-Maior ucraniano.

O ministério da Defesa da Rússia afirmou que destruiu "mísseis de alta precisão" dos depósitos de armas e munições da região de Kharkiv. Também anunciou ataques aéreos contra 67 unidades militares ucranianas.

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A pasta acusou as forças ucranianas de atacar na quarta-feira à noite, com mísseis balísticos e foguetes, bairros residenciais do centro de Kherson (sul), a primeira grande cidade tomada pelas forças russas.

A administração russa desta cidade anunciou que pretende introduzir o rublo para substituir a moeda ucraniana, a grivna, a partir de 1º de maio.

Nas cidades bombardeadas, os bombeiros ucranianos correm de um incêndio para outro, como em Kharkiv, onde mais de 2.000 edifícios foram afetados ou destruídos pelas chamas, de acordo com Yevguen Vasylenko, porta-voz regional dos serviços de emergência ucranianos.

"Eles não têm tempo para descansar (...) É exaustivo", disse Roman Kashanov, comandante da unidade 11 dos bombeiros em Kharkiv.

Também no sul, no porto estratégico de Mariupol, cercado e destruído, centenas de militares e civis, incluindo dezenas de crianças, estão bloqueados, segundo as autoridades ucranianas, na siderúrgica de Azovstal, último local sob controle das forças da Ucrânia na cidade.

A coordenadora da ONU na Ucrânia anunciou que viajará a Zaporizhzhi para preparar um tentativa de retirada de Mariupol, onde a prefeitura calcula que pelo menos 20.000 pessoas morreram desde o início da invasão.

Alvos militares na Rússia

Ao mesmo tempo, os países ocidentais prosseguem com os esforços para armar os ucranianos contra a Rússia.

O Reino Unido pediu na quarta-feira ao aliados da Ucrânia que demonstrem "coragem" e aumentem a ajuda militar, argumentando que a guerra na Ucrânia é a "nossa guerra" e a vitória de Kiev um "imperativo estratégico para todos nós".

"Armas pesadas, tanques, aviões... procurar em nossos arsenais, acelerar a produção, temos que fazer tudo isto", disse a chefe da diplomacia britânica, Liz Truss.

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O Kremlin, no entanto, respondeu que os envios de armas à Ucrânia "ameaçam a segurança" europeia. Putin advertiu na quarta-feira contra qualquer intervenção externa no conflito da Ucrânia, prometendo uma resposta "rápida e feroz".

Um conselheiro da presidência da Ucrânia, Mikhailo Podoliak, sugeriu que Kiev poderia atacar alvos militares em território russo.

"A Rússia ataca a Ucrânia e mata civis. A Ucrânia se defenderá por todos os meios, inclusive com ataques contra depósitos e bases dos assassinos russos. O mundo reconhece esse direito", tuitou Podoliak.

Europa unida e solidária

No plano econômico, o grupo russo Gazprom suspendeu na quarta-feira o abastecimento de gás para Bulgária e Polônia, alegando que os países não fizeram os pagamentos em rublos, como Putin exige desde março.

O primeiro-ministro búlgaro, Kiril Petkov, pediu nesta quinta-feira, durante uma visita a Kiev, que a Europa seja mais forte" e encontre "alternativas" ao gás russo.

Petkov afirmou que a Bulgária tem "alternativas" para substituir o gás russo. "Se nós somos capazes, todos na Europa têm de ser capazes", acrescentou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, denunciou uma "chantagem com o gás" e afirmou que os dois países membros da UE e da OTAN, dependentes do gás russo, serão abastecidos pelos vizinhos europeus.

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