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Chefe da inteligência guarda silêncio sobre pressão de Trump

Coats participou de uma audiência pública do Senado, e quando perguntado sobre supostas pressões respondeu que não faria comentários

Dan Coats: Trump teria pressionado pessoalmente Coats e Mike Rogers para conter investigação (Yuri Gripas/Reuters)

Dan Coats: Trump teria pressionado pessoalmente Coats e Mike Rogers para conter investigação (Yuri Gripas/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de maio de 2017 às 16h41.

O diretor nacional da Inteligência americana, Dan Coats, recusou-se nesta terça-feira a fazer qualquer declaração sobre a suposta pressão exercida pelo presidente americano, Donald Trump, para obter ajuda para enterrar uma investigação sobre suas ligações com a Rússia.

Coats participou de uma audiência pública perante a Comissão das Forças Armadas do Senado, e quando perguntado sobre essas supostas pressões respondeu que não faria comentários.

De acordo com uma explosiva denúncia lançada na segunda-feira à noite pelo The Washington Post, Trump pressionou pessoalmente Coats e Mike Rogers, diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA), para conter uma investigação conduzida pelo FBI.

Esta investigação se concentra na interferência que a Rússia teria tido nas eleições presidenciais do ano passado e a possível colaboração do comitê de campanha de Trump.

De acordo com o jornal, nem Coats nem Rogers responderam aos pedidos do presidente.

Comentários não seriam "apropriados"

Coats disse nesta terça-feira que preferia não fazer comentários sobre essa denúncia por conta da sua posição de principal assessor do presidente em assuntos de Inteligência.

"Por ser seu principal assessor em temas de Inteligência, passo bastante tempo com o presidente discutindo assuntos de Segurança. Sempre acreditei que, dada a natureza da minha posição e as informações que compartilhamos, não seria apropriado que eu fizesse comentários sobre isso", disse.

Simultaneamente, ao falar diante da Comissão de Assuntos de Inteligência na Câmara de Representantes, o ex-diretor da CIA John Brennan afirmou que chegou a advertir funcionários russos para que não tentassem interferir nas eleições de 2016.

"Deve ficar claro para todos que a Rússia interferiu em nosso processo eleitoral de 2016. E eles fizeram isso apesar de nosso enérgico protesto e [de nossa] advertência para que não fizessem", expressou Brennan.

Segundo o ex-diretor da CIA, o funcionário russo da Inteligência a quem fez a advertência negou qualquer interferência do país nas eleições, mas informou que comunicaria seus superiores sobre o protesto.

"Possíveis sinais"

Brennan disse que em 2016 a CIA detectou "possíveis sinais" de uma cumplicidade entre o comitê de campanha de Trump e os funcionários russos, contatos que o FBI começou a investigar.

O então diretor do FBI James Comey, demitido há duas semanas de maneira intempestiva por Trump, sustentou que os serviços se interessaram pela ingerência russa nas eleições e investigaram fatos que se remontam a junho de 2016.

Na semana passada, vários meios de comunicação americanos assinalaram que Trump pediu a Comey, durante reuniões e por telefone, que abandonasse a investigação, afirmações que foram desmentidas de forma contundente pela Casa Branca.

Mas essas solicitações teriam sido determinadas por Comey em relatórios escritos sobre as reuniões que manteve com o presidente.

Desde fevereiro, o magnata republicano solicitou a inúmeros legisladores e funcionários da Inteligência que contactassem jornalistas para dizer que não existem provas sobre os vínculos entre a Rússia e sua campanha eleitoral.

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