Mundo

Chefe da agência contra narcotráfico dos EUA pede demissão

O jornal "The Washington Post" disse que Rosenberg teve desacordos durante os últimos meses com o governo do presidente Donald Trump

Trump: para demitir-se, Rosenberg enviou hoje um e-mail aos cerca de 5.000 agentes que a DEA tem distribuídos em 69 países (Kevin Lamarque/Reuters)

Trump: para demitir-se, Rosenberg enviou hoje um e-mail aos cerca de 5.000 agentes que a DEA tem distribuídos em 69 países (Kevin Lamarque/Reuters)

E

EFE

Publicado em 26 de setembro de 2017 às 22h18.

Washington - O chefe da agência de combate ao narcotráfico nos Estados Unidos (DEA), Chuck Rosenberg, renunciou pediu demissão nesta terça-feira do cargo que ocupava de maneira interina desde maio de 2015 e do qual liderou uma forte campanha para lutar contra o crescente consumo de analgésicos e heroína.

A demissão será efetivada no próximo dia 1º de outubro, segundo indicou à Agência Efe uma porta-voz da DEA.

A porta-voz não detalhou as razões pelas quais Rosenberg decidiu afastar-se da DEA, ainda que o jornal "The Washington Post" aponte para desacordos durante os últimos meses com o governo do presidente Donald Trump, especialmente com o procurador-geral, Jeff Sessions, encarregado de supervisionar a DEA.

Concretamente, segundo o jornal, Sessions e Rosenberg têm diferentes visões sobre a Mara Salvatrucha (MS-13), um grupo que transformou El Salvador em um dos países mais violentos do mundo e ao qual o procurador-geral declarou guerra.

Sessions quer que a luta contra a Mara Salvatrucha seja uma prioridade, enquanto que, durante anos, a DEA dedicou recursos a lutar contra os cartéis mexicanos, como os de Sinaloa e Juárez, que foram assinalados como uma crescente ameaça nos últimos relatórios da agência.

Para demitir-se, Rosenberg enviou hoje um e-mail aos cerca de 5.000 agentes que a DEA tem distribuídos em 69 países.

"Os bairros em que vivemos são melhores pelo seu compromisso com o império da lei, sua dedicação à causa da justiça e a perseverança frente à adversidade", escreveu Rosenberg a seus agentes.

Rosenberg ganhou as manchetes dos jornais no final de julho, quando enviou um memorando aos seus funcionários e lhes pediu que atuassem sempre "com honra" e de acordo com os padrões "mais altos" quando tratassem suspeitos de atos criminosos.

Esse memorando foi uma resposta a comentários feitos por Trump em Nova York perante um grupo de agentes, aos quais disse que não deveriam ser "muito amáveis" quando prendessem "arruaceiros".

Em seu memorando, intitulado "Quem somos", Rosenberg explicou aos agentes por que estava contradizendo Trump: "Escrevo porque temos a obrigação de falar quando algo está errado. Isso é o que fazem as forças da ordem. Isso é o que os senhores fazem. Consertar coisas. Pelo menos, assim tentamos".

Por enquanto, não está claro quem será o encarregado de substituir Rosenberg, ainda que fontes conhecedoras das discussões internas da DEA citadas pelo "The Washington Post" mencionem o coronel Joseph R. Fuentes, chefe da polícia estadual do estado de Nova Jersey.

Em maio de 2015, Rosenberg substituiu no cargo Michele Leonhart, chefe da DEA entre 2007 e 2015 e que teve que pedir demissão após a divulgação da notícia que vários funcionários da agência participaram de "festas sexuais" com prostitutas na Colômbia.

Antes de chegar à DEA, Rosenberg era o chefe de gabinete do então diretor do FBI (polícia federal americana), James Comey, a quem Trump demitiu em maio, supostamente com o objetivo de dificultar a investigação que liderava sobre os possíveis vínculos entre a Rússia e membros da sua campanha presidencial.

Quando chegou à DEA, Rosenberg levou consigo alguns agentes do FBI que faziam parte de seu círculo mais próximo.

Acompanhe tudo sobre:DemissõesDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Tráfico de drogas

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia