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Chechênia lidera protestos contra charge de Maomé

A Chechênia tornou-se por algumas horas a capital da contestação anti-Charlie Hebdo, para condenar as caricaturas de Maomé publicadas pelo jornal

Muçulmanos rezam durante uma manifestação em Grozni, na Chechênia, contra charges do profeta Maomé (Yelena Fitkulina/AFP)

Muçulmanos rezam durante uma manifestação em Grozni, na Chechênia, contra charges do profeta Maomé (Yelena Fitkulina/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2015 às 15h44.

Grózni - Uma maré humana inundou Grozny, nesta segunda-feira, para condenar as caricaturas de Maomé, enquanto bandeiras francesas eram queimadas no Afeganistão e franceses eram ameaçados em Gaza, em um novo dia de protestos contra a publicação da nova charge do profeta islâmico pelo jornal Charlie Hebdo, depois de um fim semana marcado pela violência no Níger.

Quase duas semanas após o massacre do semanário satírico, no qual doze pessoas morreram com tiros disparados por dois irmãos jihadistas franceses, a incompreensão é total no mundo entre aqueles que defendem o direito de um pequeno jornal satirizar a religião e aqueles que denunciam a blasfêmia.

A Chechênia, república muçulmana do Cáucaso russo, tornou-se por algumas horas nesta segunda a capital da contestação anti-Charlie Hebdo.

Aos gritos de "Allah Akhbar" ("Alá é grande"), os manifestantes levavam cartazes com corações vermelhos e inscrições em árabe proclamando seu amor pelo profeta Maomé, segundo imagens difundidas pela televisão russa.

As autoridades locais e o governo federal em Moscou falam de 800.000 a 1 milhão de manifestantes reunidos em frente à mesquita de Grozny.

Mas é difícil dizer com precisão quantas pessoas, da Chechênia e de todo Cáucaso russo, responderam à convocação do líder checheno Ramzan Kadyrov.

A população total da Chechênia é oficialmente de 1,2 milhão de habitantes e a de Grozny, de 220.000 habitantes.

"Por trás do incidente das caricaturas, encontram-se as autoridades e os serviços secretos dos países ocidentais", acusou o líder à multidão.

"Esta é uma manifestação contra aqueles que insultam a religião muçulmana", declarou aos pés da gigantesca mesquita que mandou construir no centro de Grozny, em homenagem ao seu pai, Ahmed Kadyrov.

"Não autorizaremos nunca nada que possa insultar o nome do profeta", completou, em referência às caricaturas publicadas no Charlie Hebdo.

Kadyrov havia descrito previamente os autores das caricaturas de Maomé como "pessoas sem valores espirituais e morais". Também qualificou de "inimigo de todos os muçulmanos" o ex-oligarca russo Mikhail Khodorkovski, que pediu aos meios de comunicação russos para publicar as caricaturas do profeta.

Bandeiras francesas queimadas

Como na Chechênia, a contestação contra as caricaturas de Maomé tem mobilizado pessoas em vários países. Em Jalalabad, no leste do Afeganistão, cerca de 500 manifestantes protestaram e queimaram uma bandeira francesa.

No Paquistão, 250 militantes do Jamaat-e-Islami (JI), um dos principais partidos islâmicos do país, gritaram palavras de ordem como "Morte à França" e "Morte ao Charlie Hebdo" em Peshawar (noroeste), após três dias marcados por muitas manifestações, às vezes violentas, em todo o país.

"Peço ao governo do Afeganistão e de outros países islâmicos que cortem suas relações diplomáticas com a França", declarou à AFP Matiullah Ahmadzai, de 25 anos, exigindo que Paris "peça desculpas" aos muçulmanos.

Na sexta-feira, uma manifestação terminou em confronto em frente ao consulado francês em Karachi, onde um fotógrafo da AFP foi baleado e ficou gravemente ferido.

A embaixada da França em Teerã também foi escolhida como o ponto de encontro de 2.000 manifestantes iranianos que gritavam "Morte à França", "Morte a Israel" e "Nós amamos o profeta".

Em Gaza, a bandeira francesa foi queimada e ameaças contra os franceses também foram proferidas por cerca de 200 radicais islâmicos.

"Franceses, deixem Gaza, se não nós iremos matá-los", ameaçaram em frente ao Centro Cultural Francês estes homens com a bandeira negra da jihad.

O Níger, que foi palco dos protestos mais violentos contra as caricaturas de Maomé, mantém o estado de alerta decretado depois dos tumultos que causaram dez mortes.

Cerca de 300 cristãos continuam sob proteção militar em Zinder, onde cinco pessoas morreram na sexta-feira.

No total, durante os tumultos que também fizeram cinco vítimas no sábado em Niamey, quarenta e cinco igrejas foram queimadas e lojas, hotéis e uma escola e um orfanato de propriedade de não-muçulmanos foram destruídos.

O governo declarou luto nacional de três dias a contar a partir desta segunda em memória das vítimas.

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