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Che Guevara, um ícone para o que sobrou da esquerda latina

ÀS SETE - Há 50 anos, o guerrilheiro era preso e morto por soldados bolivianos a serviço da CIA; hoje Bolívia e Cuba relembram importância do político

Che Guevara (Mario Tama/Getty Images)

Che Guevara (Mario Tama/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2017 às 06h48.

Última atualização em 9 de outubro de 2017 às 07h26.

Há 50 anos, o guerrilheiro Ernesto Che Guevara era preso e morto por soldados bolivianos a serviço da CIA. Hoje, a Bolívia o trata de maneira diferente: o presidente do país, Evo Morales, um dos poucos mandatários de esquerda que sobraram no continente, lidera uma procissão na cidade de La Higuera, onde Che foi morto, ao lado de companheiros de guerrilha de Che, Leonardo Tamayo e Harry Villegas, familiares e políticos, como o vice-presidente venezuelano Tarek el Aissami.

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Em Cuba, onde a revolução de Che acabou por instalar o regime dos Castro no poder, milhares foram às ruas saudar a memória do guerrilheiro, finalizando uma semana de eventos comemorativos à sua memória.

Na Bolívia, o evento do governo realizado hoje é o último de uma série que incluiu debates, fóruns, filmes e atividades culturais em memória a Che.

Quando capturado, o estado físico do guerrilheiro argentino era tão deplorável que foi reconhecido por uma cicatriz na mão, ao invés de sua fisionomia, já que não parecia nada com suas fotografias. Ele estava em fuga há meses, sem contato ou suporte do governo cubano, na missão de exportar a revolução para a Bolívia.

O líder da tropa que o prendeu, Gary Prado Salmón, perguntou por que Che havia vindo para a Bolívia, já que o próprio guerrilheiro havia escrito que era muito difícil fomentar a revolução em um país democrático.

A Bolívia, à época, tinha elegido um presidente no ano interior e implementado uma reforma agrária com relativo sucesso — motivo pelo qual os fazendeiros locais não confiavam no grupo de revolucionários. Che disse que a decisão de vir ao país sul-americano não era sua, mas de outros escalões do regime castrista.

Naquela época, uma empreitada de Che no Congo havia falhado em instalar uma nova revolução e ele havia se afastado da liderança do exército cubano, o que o deixou isolado no cenário político de Cuba. À época, o regime de Fidel Castro havia se alinhado à União Soviética na promoção de uma coexistência com o poderio norte-americano.

Che, que advogava pela ação direta revolucionária, já não se enquadrava mais no comunismo da época. Che se tornaria então um mártir do comunismo, e um dos revolucionários mais criticados por opositores. Nesta segunda-feira, é um renovado símbolo de luta para o que sobrou da famigerada esquerda na América Latina.

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