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Chavismo lembra o Caracazo e estudantes seguem protestando

Venezuela completa mais de duas semanas imerso em uma onda de protestos e os estudantes prometem seguir marchando

Manifestante anti-governo acende um coquetel molotov durante confrontos na praça Altamira, em Caracas, na Venezuela  (Marco Bello/Reuters)

Manifestante anti-governo acende um coquetel molotov durante confrontos na praça Altamira, em Caracas, na Venezuela (Marco Bello/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2014 às 22h17.

Caracas - A Venezuela lembrou nesta quinta-feira os 25 anos da revolta social conhecida como "Caracazo" marcada pela polarização, com passeatas do governo e da oposição em diferentes pontos de Caracas, enquanto o país completa mais de duas semanas imerso em uma onda de protestos e os estudantes prometem seguir marchando.

Com uma concentração em massa no oeste de Caracas, o chavismo transformou o 25 aniversário do "Caracazo" em uma demonstração de respaldo ao presidente, Nicolás Maduro, que não pôde participar do ato por ter ficado sem voz.

No dia 27 de fevereiro de 1989 começou nos bairros populares de Caracas uma revolta popular em rejeição aos aumentos de preços e tarifas exigidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que foi sufocada a tiros por militares e policiais.

O boletim oficial de então cifrou em 300 os mortos, enquanto versões de imprensa estimaram em até três mil as vítimas deixadas pela repressão vista entre os dias 27 e 28 de fevereiro de 1989, durante o segundo governo do então presidente Carlos Andrés Pérez.

A mobilização chavista desta quinta-feira começou com caravanas e marchas de movimentos sociais e grupos ligados ao governo de diferentes pontos da capital venezuelana e seus arredores, em uma data declarada feriado pelo Executivo para lembrar as vítimas do "Caracazo".

A passeata terminou nas cercanias do Palácio de Miraflores, entre expressões de rejeição aos atuais protestos de partidários da oposição contra o governo e a celebração do que o chavismo denominou a "primeira insurreição popular contra o neoliberalismo no mundo", em referência ao "Caracazo".

O ato de encerramento foi liderado pelo vice-presidente, Jorge Arreaza, quem esteve acompanhado pela ministra da Defesa, Carmen Meléndez, e outros dirigentes do governo.

"Vamos pensar no que estava ocorrendo por estas ruas há 25 anos em um dia como hoje. Só pensemos na Venezuela que tínhamos por aqueles dias", disse Arreaza em discurso com fortes críticas ao ex-presidente Pérez, durante cujo mandato aconteceu o "Caracazo".


Arreaza revelou que Maduro não pôde participar do ato por estar afônico, mas sustentou que tinha dado "instruções claras" para enfrentar os "surtos fascistas" que, segundo sua opinião, representam os protestos que explodiram no último dia 12.

"Há grupos de extrema-direita que estão assassinando o povo e gerando condições de violência (...) Estes senhores não entendem, têm outro projeto, é o atalho, é o golpismo e nós jamais permitiremos outro golpe de Estado contra a revolução", afirmou.

No ato participaram também familiares de vítimas do "Caracazo", muitos dos quais foram indenizados hoje pelo governo em um ato separado.

O governo decretou feriado nesta quinta e também na sexta-feira e pediu para que as datas sejam usadas para jornadas de reflexão frente à explosão social que há 25 anos deixou centenas de mortos.

Desta forma, os venezuelanos iniciaram antecipadamente o feriado escolar que na semana seguinte começa com o carnaval, uma festa que o próprio Maduro disse que não seria suspensa pela onda de protestos que desde seu início deixam um saldo de 13 mortos e centenas de feridos em todo o país.

Enquanto isso, no outro extremo de Caracas, grupos de estudantes opositores exigiram respostas a Maduro sobre a libertação dos detidos nas manifestações e anunciaram uma grande mobilização para o domingo.

"Maduro, diga quando é que vai libertar os presos e diga onde. Diga quando é que vai haver justiça por nossos mortos", gritou perante a multidão convocada o dirigente estudantil da Universidade Central da Venezuela (UCV), Juan Requesens.

O líder estudantil assinalou que os estudantes estão dispostos a reconciliar a Venezuela.

"Não é um conflito com os chavistas. Nós exigimos respostas ao governo nacional da dura vida que levamos os venezuelanos", declarou, em referência os problemas de escassez e insegurança que afeta a população.

A concentração estudantil terminou com o lançamento de gás lacrimogêneo, um cenário que se repetiu nas imediações da Praça Altamira, no leste de Caracas e um dos epicentros dos protestos opositores.

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