"Que a classe média sinta-se protegida pelo projeto bolivariano", disse Chávez (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2010 às 14h49.
Caracas - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, comprometeu-se a concluir a construção de seis conjuntos de casas, confiscados no domingo devido a atrasos e irregularidades em seus preços, com o objetivo de beneficiar seus proprietários, uma classe média que cada vez mais desconfiada da eficácia do governo.
Frequentemente acusado que querer acabar com a propriedade privada, Chávez anunciou que, ao contrário de outras, esta expropriação não pretende transformar o Estado em dono das casas, e sim entregar os condomínios "sem esquemas" para seus proprietários legítimos.
"Só um Estado revolucionário garante o direito à propriedade a estas famílias, que adquiriram seus apartamentos com o fruto de seu trabalho", destacou o vice-presidente venezuelano, Elías Jaua.
Chávez afirmou que a medida foi tomada em benefício da classe média, uma parcela da população que o midiático líder venezuelano não conseguiu conquistar em seus 11 anos de governo. "Que a classe média sinta-se protegida pelo projeto bolivariano", indicou o presidente.
A decisão, no entanto, gerou preocupação entre os futuros proprietários, que foram imediatamente ao local das obras temendo invasões ou a redistribuição dos terrenos entre partidários de Chávez.
Neste momento, a militarizada Guarda Nacional vigia os condomínios expropriados para preservar os terrenos e evitar invasões.
"Não estou tranquila, vamos ver o que eles dizem e o que fazem", declarou à AFP uma das proprietárias, que preferiu não se identificar.
"Se a construtora demorou tanto, imagine como vai ser se o governo assumir as obras, quando vou ter meu apartamento", indagou Alexis Rodríguez, outra proprietária.
Segundo dados publicados na imprensa, o governo Chávez construiu 400.000 casas nos últimos 10 anos, bem menos que governos anteriores.
"A questão da moradia é complexa, e o governo trabalha em diferentes frentes para solucioná-la", admitiu Jaua.
No entanto, "não é possível construir casas só com o desejo de dizê-lo", atacou Aquiles Martini, presidente da Câmara Imobiliária da Venezuela, destacando que "o setor privado é responsável por 75% das casas construídas neste país, e será responsável por 75% das que serão construídas no futuro".
Com 28,8 milhões de habitantes, a Venezuela sofre com um déficit habitacional de 2 milhões de casas, segundo dados de 2010 da Câmara Venezuelana da Construção Civil (CVC).