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Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2013 às 16h54.
Sabaneta - Sentado sob a sombra das mangueiras no quintal da infância do falecido líder socialista Hugo Chávez, da Venezuela, Nicolás Maduro iniciou sua campanha eleitoral com um bate-papo sentimental com os membros da família do ex-presidente.
Os cinco irmãos de Chávez contaram a Maduro, o presidente em exercício, histórias de como eles jogavam bolinhas de gude e comiam mangas no gramado quando crianças. Tudo fazia parte dos esforços de Maduro para evidenciar sua proximidade com a família simbolicamente importante, pouco antes da eleição presidencial no domingo.
"A família está aqui com vocês, cumprindo as ordens de Chávez e o seu legado, para que Nicolás Maduro possa ser ratificado pelo povo para continuar acelerando a revolução bolivariana", disse o irmão Adan Chávez, referindo-se ao movimento socialista do líder falecido.
A morte de Chávez no mês passado abalou o país após 14 anos de sua autodenominada revolução socialista. Mas fez pouco para conter a influência de parentes cujo laços de sangue com o líder os ajudaram a ganhar um poder considerável.
Partidários de Chávez, um carismático paladino antipobreza cujos gastos com políticas sociais valeram a ele a adoração de milhões de pessoas, vêem a sua família imediata como um símbolo das raízes humildes que o levaram à concepção de seu "socialismo do século 21".
Críticos da oposição os ridicularizam como um clã nepotista que exerce influência indevida. No oeste de Barinas, onde Chávez cresceu, adversários os acusam como uma família real postiça, que trata o Estado de vastas planícies como seu feudo.
Maduro, um ex-motorista de ônibus de 50 anos e sucessor ungido pelo falecido presidente, se descreve como um "filho" de Chávez e fez da família imediata uma parte central de sua campanha para a eleição de 14 de abril.
"Você é o irmão de nosso comandante Hugo Chávez, e nós somos seus filhos, o que significa que você é o nosso tio e protetor, um líder dessa revolução", Maduro disse a Adan Chávez no palco em um comício em Barinas.
Larga influência
O genro de Chávez, Jorge Arreaza, companheiro de cabeceira do líder em suas últimas semanas de vida, foi empossado como vice-presidente por Maduro horas após o grande funeral oficial, em pé ao lado do caixão de seu falecido sogro.
O primo Asdrúbal Chávez subiu, em menos de cinco anos, de gerente em uma pequena refinaria de petróleo a vice-presidente da PDVSA. Outro dos irmãos de Chávez, Argenis, é vice-ministro de Eletricidade.
Adan Chávez ganhou o apoio do Partido Socialista para ser eleito, em 2008 e 2012, como governador de Barinas, um posto ocupado anteriormente pelo pai de Chávez, Hugo de los Reyes Chávez.
A Reuters não conseguiu contatar membros da família para comentários. O governador de Barinas não respondeu às chamadas telefônicas e o prefeito do município que inclui a cidade natal de Chávez --outro irmão-- não conseguiu marcar uma entrevista.
A oposição na Venezuela, que tem uma presença relativamente pequena em Barinas, há anos faz uma enxurrada de denúncias de corrupção contra a família. Eles negam e ressaltam que nenhuma acusação oficial foi apresentada contra qualquer um dos parentes de Chávez.