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Chávez e Santos dizem ter virado a página da crise

Na reunião de terça-feira (10), Venezuela e Colômbia firmaram acordo para o desenvolvimento dos países e o combate a forças armadas nas fronteiras

Hugo Chávez, presidente da Venezuela, e Juan Manuel Santos, presidente colombiano, após reunião em Santa Marta, na Colômbia (.)

Hugo Chávez, presidente da Venezuela, e Juan Manuel Santos, presidente colombiano, após reunião em Santa Marta, na Colômbia (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília - Os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Juan Manuel Santos, da Colômbia, disseram ontem (10) ter "virado a página" da crise diplomática que envolvia os dois países. O acordo foi fechado depois de quatro horas de reunião.

Chávez e Santos anunciaram a criação de uma comissão para o desenvolvimento comum da região. É a retomada dos vínculos políticos, diplomáticos e econômicos entre Caracas e Bogotá. Eles se comprometeram ainda a estabelecer maior controle fronteiriço para evitar o trânsito de grupos armados.

As informações são da agência BBC Brasil. Ambos os países concordaram com a criação de uma comissão que deve tratar de vários pontos, entre eles o pagamento da dívida da Venezuela com os empresários colombianos, estimada em US$ 800 milhões, a criação de uma comissão para acordo de complementação econômica, desenvolvimento social na fronteira, de infraestrutura e no tema da segurança, ponto mais delicado que acabou sendo o pivô da crise entre Caracas e Bogotá.

"Celebro muito, muitíssimo, esse encontro hoje com o presidente Chávez e decidimos virar a página e pensar no futuro de nossos povos e países", afirmou Santos. "Voltamos ao ponto zero."

"Decidimos ir lentamente, porém com passos firmes", acrescentou. Colômbia e Venezuela acertaram a coordenação de atividades para aumentar a presença dos dois na fronteira binacional. A ação será acompanhada pelo governo brasileiro e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

A suposta presença de acampamentos guerrilheiros na Venezuela foi o pivô da crise. "Incito a Colômbia, aos que estão convencidos: o governo venezuelano não apóia nem apoiará a guerrilha colombiana, acreditem", afirmou Chávez, depois da reunião na cidade colombiana de Santa Marta, onde morreu o líder da América hispânica, Símon Bolívar.

Chávez qualificou como "infâmia" as acusações de que seu governo seja conivente com as guerrilhas colombianas, mas admitiu que na extensa fronteira entre os dois países há penetração de grupos irregulares. "Se eu fosse o chefe da guerrilha colombiana, faria tudo, tudo para a paz", afirmou.


Tanto Chávez quanto Santos defenderam a confiança e a transparência como base para a reconstrução dos laços diplomáticos. "Necessito que o presidente acredite em mim, e eu, nele", disse Chávez, repetidas vezes em sua declaração.

Em referência às acusações que indicavam a instalação de acampamentos guerrilheiros na Venezuela, Chávez pediu a Santos para não acreditar em "fofocas" e estabelecer canais de comunicação permanentes a fim de evitar novos conflitos. Santos, por sua vez, disse que o posicionamento da Venezuela contra os grupos armados "é importante para que essas relações se mantenham em bases firmes".

Chávez afirmou que ele e seu colega colocaram a "pedra fundamental" para estabelecer uma nova relação política e diplomática. "Agora, temos que cuidá-la", acrescentou. "Decidimos reestabelecer as relações políticas, diplomáticas e plenas; apesar da gravidade da crise conseguimos reestabelecer relações", afirmou Chávez, ao lado do novo presidente colombiano, com quem no passado teve enfrentamentos verbais sobre os temas de defesa e guerrilhas.

Chávez, que chegou a responsabilizar a Organização dos Estados Americanos (OEA) pela crise com a Colômbia, elogiou a presença do secretário-geral do bloco, Néstor Kirchner, na mediação da crise e defendeu a Unasul como o espaço "adequado" para tratar os assuntos sul-americanos. "A Unasul deve se converter em nosso espaço privilegiado, não apenas para solucionar conflitos que podem surgir aqui ou ali", afirmou.

Em seguida, Santos, reiterando a posição defendida por seu antecessor, Álvaro Uribe, disse que a participação da Unasul como mediadora não "exclui" as outras organizações, em clara referência à OEA. "Não é excludente. [A Unasul] não será o único espaço para a mediação regional", afirmou.

A economia colombiana foi a mais afetada durante a crise. A previsão do Banco Central da Colômbia é de que, para este ano, a pauta de exportações da Colômbia à Venezuela não supere US$ 1.2 bilhão, ficando 80% menor em relação a 2008, quando as vendas para o vizinho superaram US$ 6 bilhões.

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