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Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2013 às 17h12.
Caracas - O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, pode ter dificuldade para avançar com as políticas socialistas do ex-presidente Hugo Chávez caso vença a eleição de domingo, já que não possui nem a influência política de seu antecessor nem as robustas finanças que sustentaram o regime chavista.
Maduro tem uma vantagem ampla nas pesquisas de opinião contra o candidato da oposição, o governador Henrique Capriles, para a eleição desencadeada pela morte de Chávez no mês passado, depois de uma batalha de dois anos contra o câncer.
No final do ano passado, Chávez nomeou Maduro como seu herdeiro político caso não sobrevivesse à sua quarta cirurgia para a doença, em seu último discurso público. Chávez morreu em 5 de março.
Se Maduro, de 50 anos, ganhar a eleição, ele herdará as finanças do governo pressionadas por gastos pesados durante a campanha de reeleição de Chávez em 2012, a inflação mais alta das Américas, e a escassez persistente de bens de consumo básicos.
Amplamente querido entre os partidários de Chávez, mas sem o carisma de seu mentor, o ex-motorista de ônibus e sindicalista também pode ter problemas para controlar o "chavismo", um movimento que varia desde oficiais militares e executivos de petróleo a líderes comunitários de favelas e ideólogos.
"Chávez era uma barreira para um monte de ideias loucas que ocorriam para nós", disse Diosdado Cabello, um líder poderoso do partido visto por muitos venezuelanos como um potencial rival interno de Maduro. "Ele impunha sua liderança, sua prudência e sua consciência, e em muitos casos garantia que a gente não seguisse adiante." José Albornoz, que trabalhou ao lado de Maduro durante anos como parlamentar antes de se juntar à oposição, disse que a experiência dele como negociador sindical o coloca em boa posição para criar um consenso entre as diferentes facções.
Mas ele observou que Cabello tem influência consideravelmente maior do que Maduro em áreas importantes, como o Exército, o Poder Legislativo e os governos estaduais, e previu que Maduro poderia sofrer pressão de dentro da coalizão.
Apesar de manter a retórica estridente do ex-líder --inclusive chamando inimigos de herdeiros de Hitler-- Maduro não deve manter o ritmo acelerado de Chávez de nacionalizações, os confrontos regulares com a iniciativa privada, ou desentendimentos diplomáticos com os Estados Unidos e seus aliados.
Maduro pode ser mais propenso a discutir com líderes da oposição ou empresários que estiveram em desacordo com o governo por anos.
Desafios Econômicos
O ambiente econômico desafiador provavelmente vai exigir uma reorganização das despesas do Estado e, potencialmente, uma reforma do controle estrito do sistema monetário. Mas Maduro ofereceu poucas pistas sobre o que ele pode mudar se for eleito -- se é que vai mudar algo.
A indústria de petróleo da Venezuela ainda fornece uma fonte de receita invejável, mas pesados empréstimos para financiar a construção de casas, pensões para os idosos e bolsas para mães pobres deixaram o governo sem a abundância de 2012.
Um termômetro fundamental para o futuro da nação exportadora de petróleo será se Maduro, supondo que ele ganhe a eleição, manterá o ministro das Finanças, Jorge Giordani, o arquiteto da expansão constante do controle do Estado sobre a economia privada.
Enquanto a impaciência do público com os problemas diários, como a violência, as quedas de energia e a infraestrutura de má qualidade, não prejudicou a popularidade de Chávez devido ao seu status quase religioso entre os partidários, Maduro pode não ser tão imune.
O pesquisador local Oscar Schemel previu uma vitória confortável para Maduro no domingo, mas um grande desafio logo na manhã seguinte.
"Maduro está garantido na Presidência", disse ele. "O que virá depois é mais complicado... há importantes desafios pela frente. O nível de tolerância do povo vai cair, e suas demandas se tornarão ainda mais urgentes."