Mundo

Chávez declara "guerra econômica" contra empresas privadas

Chávez acusa os empresários de esconderem alimentos básicos para aumentar os preços e desestabilizar o seu governo

Segundo Chávez, o empresário da Polar "vai para o inferno" porque os ricos não vão para o céu (.)

Segundo Chávez, o empresário da Polar "vai para o inferno" porque os ricos não vão para o céu (.)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2010 às 22h20.

Caracas - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, se declarou nesta quarta-feira em "guerra econômica" contra o empresariado, enquanto o país entra no seu segundo ano de contração econômica e alguns trabalhadores rejeitam suas ameaças de nacionalização da indústria.

Num ambiente político que vai se crispando conforme se aproxima a eleição legislativa de setembro, o presidente intensificou seus ataques contra o maior conglomerado alimentício do país, as Empresas Polar.

Chávez acusa os empresários de esconderem alimentos básicos para aumentar os preços e desestabilizar o seu governo.

"Burguesia apátrida (...), me declararam a guerra econômica, pois me declaro em guerra econômica e chamo o povo e os trabalhadores", disse Chávez em visita a uma fábrica de óleo no oeste do país, nacionalizada há um ano e meio.

"Vamos ver quem pode mais: se vocês, burgueses de meia tigela, burgueses sem pátria, ou nós (...). Os que quiserem a pátria que venham conosco", gritou.

O governo já nacionalizou milhões de hectares de terras e empresas --de refinarias a matadouros e supermercados. Um líder sindical da Polar criticou no fim de semana a possível estatização que, segundo ele, pioraria as condições de trabalho.

Chávez disse que a posição do sindicalista "dá pena", que os trabalhadores das empresas capitalistas "são como escravos" e que só o seu governo garante estabilidade trabalhista.

Perante a escassez iminente de produtos básicos como óleo, farinha e açúcar --inclusive alguns itens produzidos pela Polar--, Chávez acusa empresários de esconder os produtos para fazer os preços dispararem.

Os empresários culpam o regime socialista pelo desabastecimento, e dizem que os controles eliminam seus lucros.

Dirigido-se ao presidente da Polar, Chávez disse: "(Lorenzo) Mendoza, aceito o teu desafio. Vamos ver quem aguenta mais, Mendoza. Vamos tirar uma queda de braço, então: tu com os teus milhões, eu com a minha moral".

Segundo ele, o empresário "vai para o inferno" porque os ricos não vão para o céu.

Ele disse que há pouco recebeu Mendoza e lhe negou um pedido de crédito facilitado.

Em suas campanhas eleitorais, Chávez costuma promover uma polarização entre ricos e pobres. Seus adversários, por sua vez, exploram o medo de confiscos massivos de propriedades.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaEmpresáriosVenezuela

Mais de Mundo

Peru decreta emergência em três regiões afetadas por incêndios florestais

Putin reconhece que residentes das regiões fronteiriças estão enfrentando dificuldades

Rival de Maduro na Venezuela diz que assinou documento sob 'coação' e o considera nulo

Príncipe saudita descarta acordo com Israel sem reconhecimento do Estado palestino