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Chávez completa três dias em Caracas com silêncio do governo

Líder venezuelano foi operado em 11 de dezembro pela quarta vez em 18 meses de seu câncer, do qual não se conhece o tipo nem o alcance


	As autoridades apenas informaram que o tratamento de Chávez é 'enérgico' e 'não está isento de complicações'
 (Getty Images)

As autoridades apenas informaram que o tratamento de Chávez é 'enérgico' e 'não está isento de complicações' (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 22h42.

Caracas - O segredo do governo da Venezuela em torno do estado de saúde do presidente Hugo Chávez continuou nesta quinta-feira, quando se completam três dias de sua chegada ao país, enquanto a oposição permanece em silêncio e na expectativa de novas informações após ter exigido transparência do Executivo.

Chávez ingressou na madrugada da segunda-feira no Hospital Militar de Caracas, que hoje seguia sob forte vigilância da Guarda de Honra Presidencial. No entanto, até agora os venezuelanos não puderam ver, escutar ou ler através do Twitter seu presidente.

O ministro das Relações Exteriores, Elías Jaua, em declarações para a televisão estatal 'Telesur', enalteceu hoje a 'condição de dignidade' de Chávez por estar realizando uma 'batalha pela recuperação sem abandonar suas funções'.

O governo, no entanto, não forneceu detalhes sobre o tratamento contra o câncer que Chávez está realizando. O líder foi operado pela quarta vez da doença em 11 de dezembro em Havana, em Cuba.

As autoridades apenas informaram que o tratamento de Chávez é 'enérgico' e 'não está isento de complicações'. Enquanto Jaua se limitou a afirmar que o governante está 'em processo de doença complexa, mas não abandona suas funções', comparando Chávez com o líder opositor Henrique Capriles, acusado pelo chanceler de não dar atenção ao estado governado por ele, Miranda, em função de seu 'desespero' para chegar à presidência.

Capriles, no entanto, não voltou a fazer alusão à doença do presidente desde segunda-feira, quando pediu que o retorno de Chávez trouxesse 'sensatez' ao governo e notícias verdadeiras sobre sua doença.

A aliança opositora também permaneceu hoje em silêncio depois de ter criticado enfaticamente na segunda-feira o 'espetáculo' feito pelo governo para anunciar a chegada do presidente e de exigir transparência no tratamento da questão.

Sem reação dos partidos, o grupo de estudantes universitários que há uma semana protestou em frente à Embaixada de Cuba pedindo que Chávez retornasse ao país ou declarasse sua ausência voltou hoje a atuar.

'Assim como exigimos que voltasse para a Venezuela, hoje exigimos que saia e mostre a cara', e 'se nas próximas horas' não fizer isso, 'o movimento estudantil se dirigirá ao Hospital Militar para saber claramente se está bem e com capacidade de governar', disse em entrevista coletiva a líder universitária Gabriela Arellano.

Os estudantes, que consideram que a recente divulgação por parte do governo de fotografias do presidente foi mérito da pressão exercida por eles, pediram para serem informados se o líder está em condições de seguir no cargo. Se o governante não puder se manter na presidência, exigiram que se ative o mandato constitucional sobre as faltas do chefe do Estado.

'Hoje estamos fazendo uma exigência ao governo: que mostre o presidente Chávez, que diga ao país em que situação ele se encontra. Necessitamos saber se tem ou não as condições físicas necessárias para assumir as funções presidenciais', afirmou o líder estudantil José Vicente García.


Além da prova de vida que os estudantes pedem, nesta quinta-feira um grupo de advogados foi ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) para exigir que o líder cumpra 'com caráter de urgência' e de forma 'pública' o juramento do cargo para o qual Chávez foi eleito em 7 de outubro do ano passado.

O coletivo, integrado entre outros pela ex-presidente do TSJ Cecilia Sosa, também solicitou que uma junta médica designada pelo tribunal determine o estado de saúde do líder.

O TSJ exonerou o presidente da obrigação de jurar o cargo por sua condição médica e estabeleceu que ele poderia fazer isso quando se recuperasse de sua doença, gerando críticas da oposição, que considerou a medida inconstitucional.

Chávez foi operado em 11 de dezembro pela quarta vez em 18 meses de seu câncer, do qual não se conhece o tipo nem o alcance.

Durante a cirurgia, que se estendeu por seis horas, ocorreram complicações como hemorragia e posteriormente uma infecção pulmonar que gerou uma insuficiência respiratória.

De acordo com o último relatório do Executivo, de sexta-feira passada, o governante respira através de um tubo na traquéia que dificulta sua fala.

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