Estudos do governo apontam que a popularidade de Chávez está em 54%.
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2011 às 00h20.
Caracas - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, completou nesta quarta-feira 12 anos no poder em meio a uma alta popularidade, apesar dos problemas econômicos e de uma oposição fortalecida, o que fará com que tenha de se radicalizar para manter o apoio nas presidenciais de 2012, estimam analistas.
Eleito pela primeira vez em 1998, ratificado em 2000 e reeleito em 2006, Chávez aspirará a um novo mandato em 2012, convencido de que sua presença ainda é necessária para a continuação da chamada Revolução Bolivariana.
Estudos do governo apontam que a popularidade de Chávez está em 54%. O pesquisador Alfredo Keller afirma, por outro lado, que está em 46%, enquanto Saúl Cabrera, da Encuestadores 21, afirma que o apoio é menor que 40%.
"É bastante. A verdade é que Chávez tem muito apoio", comentou Keller, da empresa Keller e Associados, à AFP.
"Depois de 12 anos, sem dúvida alguma a primeira coisa que se evidencia é a extraordinária força que o governo ainda tem, o que não é muito normal em países como Venezuela, onde a manutenção do poder desgasta", declarou à AFP Nicmer Evans, professor de Ciências Políticas da Universidade Central da Venezuela.
O diretor da empresa de pesquisa privada Datanálisis, Luis Vicente León, aponta, no entanto, que "uma coisa é o apoio à gestão de Chávez (em torno de 50%), e outra é o desejo de que ele se mantenha no poder depois de 2012 (23%¨)".
Além da popularidade de seu presidente, a Venezuela chega a estes 12 anos de governo chavista com uma economia em recessão, com o índice de inflação mais alto da América Latina (27,2% em 2010) e cifras recorde de violência.
Adicione-se a isso a ausência de diálogo entre o chavismo e seus detratores, que partiu em dois a sociedade venezuelana.
"Tanto o governo de Chávez como a oposição tentando jogar suas estratégias continuarão com esse processo de polarização. Chávez não conhece outra forma de fazer política", afirmou à AFP Saúl Cabrera.
"Para manter o apoio de seus partidários, Chávez precisa radicalizar-se", afirmou.
Nos últimos anos, Chávez, defensor de um socialismo do século XXI, fortaleceu a presença do Estado em todos os âmbitos da vida do venezuelano.
Desde 2007, o presidente nacionalizou setores-chave da economia, como o petróleo, as telecomunicações, a eletricidade ou a siderurgia, tornou o Estado o principal ator do sistema financeiro e promoveu uma reforma agrária baseada na recuperação de milhares de hectares de terras.
Estas e outras decisões provocaram um grande receio no setor privado e nos investidores estrangeiros.