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Charlie pagou preço alto por falar de religião, diz diretor

O diretor da publicação disse que a revista satírica francesa pagou "um preço alto" por falar de região, citando o atentado terrorista que matou 12 jornalistas


	Número da Charlie Hebdo de 14 de janeiro de 2015
 (Joël Saget/AFP)

Número da Charlie Hebdo de 14 de janeiro de 2015 (Joël Saget/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2015 às 16h58.

São Paulo - O diretor da "Charlie Hebdo", Laurent "Riss" Sourisseau, afirmou neste sábado, em um evento realizado em São Paulo, que a revista satírica francesa pagou "um preço alto" por falar de região, citando o atentado terrorista que matou 12 jornalistas do semanário em janeiro deste ano.

"No momento em que se fala de religião, tudo é muito sensível. E é ainda pior quando se aborda o islamismo. A 'Charlie Hebdo' pagou um preço alto", comentou Riss em sua participação no 10º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Riss, que levou um tiro nas costas durante o ataque contra a redação do "Charlie Hebdo", substituiu em janeiro o falecido "Charb" como diretor da revista satírica.

"O que ocorreu em janeiro caiu na nossa cabeça como um raio. Não tínhamos feito nada nesse momento, mas os islamitas não se esqueceram das caricaturas publicadas desde 2006", comentou Riss, que se fingiu de morto durante o atentado com a esperança de que os terroristas não o executassem.

Para o cartunista, a caricatura do profeta Maomé foi apenas um pretexto para criar "um clima de terror" na democracia assim como também ocorreu, indicou, nos recentes atentados na Tunísia.

"Eles não fizeram nada e também foram assassinados", acrescentou.

Riss defendeu no congresso o direito de criticar a religião e ressaltou que não só o islamismo foi abordado na história da publicação. Perguntado sobre o futuro da revista, o diretor do "Charlie Hebdo" foi taxativo: "Não sou otimista".

Para Riss, a Europa vive um momento delicado quanto à questão do terrorismo. Riss afirma que nem a revista, nem a própria sociedade francesa, sabem o que ocorrerá no próximo ataque.

"Pode haver outros atentados e não necessariamente contra nós. Há muitas pessoas fanáticas que não têm medo", concluiu. 

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