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Charlie Hebdo não é mais a mesma três anos após atentado

Em 7 de janeiro de 2015, dois homens mascarados invadiram sua redação em Paris e abriram fogo com rifles de assalto matando 12 pessoas

Charlie Hebdo: para garantir a segurança da redação, medidas incluem sistemas caros e a contratação de agentes de uma empresa privada (Pascal Guyoy/AFP/AFP)

Charlie Hebdo: para garantir a segurança da redação, medidas incluem sistemas caros e a contratação de agentes de uma empresa privada (Pascal Guyoy/AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 5 de janeiro de 2018 às 17h26.

Três anos depois do atentado que dizimou sua redação, a revista satírica francesa Charlie Hebdo continua lutando para voltar à normalidade, em meio a ameaças contínuas e medidas de proteção excepcionais.

Em 7 de janeiro de 2015, dois homens mascarados invadiram sua redação em Paris aos gritos de "Allahu Akbar" (Alá é grande) e abriram fogo com rifles de assalto matando 12 pessoas, entre elas várias das figuras mais emblemáticas da publicação.

Esse dia marcou o início de um "mundo novo" para a Charlie Hebdo, afirmam seus jornalistas em uma edição especial de aniversário, na qual detalham seu cotidiano, resumido na capa que mostra um homem atrás de uma porta blindada sob o título "Três anos em uma lata de conserva".

Riss, diretor da redação, detalha no editorial as medidas tomadas para garantir a segurança da redação, que incluem a instalação de sistemas caros e a contratação de agentes de uma empresa privada.

"No total, os custos aumentaram entre 1 e 1,5 milhão de euros anuais, completamente a cargo do semanário", afirma, o que equivale à venda de 800 mil exemplares ao ano.

"É normal para um revista de um país democrático que a venda de mais de um exemplar a cada dois tenha que financiar a segurança de seus locais e jornalistas?", questiona Riss, que considera que a liberdade de expressão "está se tornando um artigo de luxo".

Ameaças frequentes

Na edição especial, os jornalistas da Charlie Hebdo também falam sobre as ameaças que recebem regularmente, sobretudo nas redes sociais, por suas capas abertamente provocadoras.

Os autores do atentado de 2015, os irmãos Saïd e Chérif Kouachi, pretendiam punir o periódico por ter publicado uma caricatura do profeta Maomé. Recentemente, a publicação apresentou uma denúncia após receber ameaças de morte depois de publicar uma ilustração do especialista em Islã Tariq Ramadan.

"Vivemos em meio a uma guerra que pode voltar a qualquer momento", resume o jornalista Fabrice Nicolino em um longo relato intitulado "O que mudou em três anos".

Antes de uma comemoração oficial na presença do presidente do presidente Emmanuel Macron no domingo, três associações organizam uma jornada de homenagem sob o lema "Toujours Charlie!" (Continuamos sendo Charlie), em referência à hashtag de solidariedade usada em todo o mundo após o atentado.

Espera-se o comparecimento de cerca de 1.500 pessoas, entre elas políticos, escritores e filósofos. Charlie Hebdo será representada pelo chefe de redação, Gérard Biard, mas outros membros da equipe estarão ausentes "por motivos de segurança", explicaram os organizadores.

Enquanto isso, a investigação deste atentado segue aberta.

Os investigadores ainda não conseguiram estabelecer como se coordenaram os irmãos Kouachi e Amédy Coulibaly, o extremista que matou cinco pessoas dois dias depois do ataque a Charlie, nem onde ou como os Kouachi conseguiram seu impressionante arsenal.

Os juízes de instrução esperam concluir as investigações este ano.

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