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Chanceleres da Unasul defendem democracia em Assunção

Nesta quinta-feira, a Câmara dos Deputados paraguaia aprovou um julgamento político contra Lugo, acusado de mau desempenho de suas funções

O chanceler brasileiro Antonio Patriota lidera a missão da Unasul (Evaristo Sa/AFP)

O chanceler brasileiro Antonio Patriota lidera a missão da Unasul (Evaristo Sa/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 10h02.

Assunção - Os chanceleres dos países integrantes da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) se reuniram na noite de quinta-feira, em Assunção, com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que enfrenta um processo de impeachment sumário.

A Unasul espera que se cumpra o processo devido no julgamento político contra o presidente do Paraguai, afirmou o secretário-geral do bloco, o venezuelano Alí Rodríguez.

"Existe uma grande preocupação com o julgamento do presidente paraguaio e esperamos uma correta administração da justiça, dentro do devido processo, na qual se estabeleçam todas as garantias para sua defesa", disse Rodríguez à imprensa.

Os ministros viajaram de emergência do Rio de Janeiro, onde participavam da cúpula do desenvolvimento sustentável Rio+20, e a delegação liderada pelo chanceler brasileiro, Antonio Patriota, seguiu imediatamente do aeroporto de Assunção para a residência oficial de Lugo, onde ocorre a reunião.

A delegação é integrada por Patriota e pelos chanceleres Héctor Timerman (Argentina), Luis Almagro (Uruguai), Alfredo Moreno (Chile), Nicolás Maduro (Venezuela), Rafael Roncagliolo (Peru), Ricardo Patiño (Equador) e María Angela Olguín (Colômbia), pela ministra de Desenvolvimento Rural da Bolívia, Nemesia Achacollo, e pelo secretário-geral da Unasul, Ali Rodríguez.

Lugo é acusado "de mau desempenho de suas funções em razão de ter exercido o cargo de maneira imprópria, negligente e irresponsável, trazendo o caos e a instabilidade política a toda a República".

A origem do pedido de impeachment promovido pela Câmara dos Deputados foi a morte de 11 trabalhadores sem-terra e de 6 policiais em um confronto armado na sexta-feira passada, em Curuguaty, 250 km a nordeste de Assunção, durante a desocupação de uma fazenda.

"O mau desempenho de suas funções aparece em sua atitude de desprezo pelo direito e pelas instituições republicanas, minando os cimentos do Estado Social de Direito proclamado em nossa Carta Magna", afirma a ata de acusação.

Em um processo relámpago, Lugo terá menos de 24 horas para preparar sua defesa, e a destituição poderá ocorrer já na tarde desta sexta-feira, após votação no Senado.

Diante deste processo de impeachment sumário, o porta-voz para América Latina do departamento de Estado, William Ostick, advertiu que Washington acompanha de perto a crise no Paraguai e que sua embaixada em Assunção "observa a situação muito atentamente".


"Com base nos compromissos com a democracia no continente, é importante que as instituições do governo sirvam aos interesses do povo paraguaio e, para tal, é criticamente importante que estas instituições ajam de maneira transparente, observando escrupulosamente os princípios do devido processo e dos direitos do acusado".

Segundo Ostick, Washington mantém contato com os chanceleres da Unasul em Assunção sobre "o respeito e a manutenção da democracia e das instituições democráticas no Paraguai".

Diante do risco de conflito, os bispos católicos do Paraguai pediram ao presidente Lugo que renuncie ao cargo "pelo bem do país" e evite atos de violência.

"Falamos com muita sinceridade e franqueza para pedir que ele renuncie ao cargo e acabe com esta tensão", disse à imprensa o bispo Claudio Giménez, secretário-geral da Conferência Episcopal Paraguaia (CEP), após se encontrar com Lugo, um ex-bispo católico.

A tensão era crescente em Assunção, onde centenas de jovens ocuparam a praça localizada diante da sede do Congresso para expressar sua rejeição ao julgamento político contra Lugo.

Os manifestantes pró-governo tomaram o local após a saída de partidários do impeachment do presidente, enquanto as forças policiais assumiam posições estratégicas em torno do Congresso, incluindo atiradores de eleite.

"Estamos aqui para protestar contra esse julgamento do nosso presidente, um representante genuíno do povo", gritava Manuel Martinez, um manifestante que se dizia ser um dos coordenadores da manifestação.

Mais cedo, os manifestantes "anti-Lugo" expressaram seu apoio aos deputados e senadores paraguaios pela abertura do processo político.

Ao menos 4 mil agentes foram mobilizados para proteger a região do Congresso, revelou o porta-voz da Polícia Nacional, comissário Sebastian Talavera.

"Foram tomadas todas as medidas de precaução" para evitar incidentes, disse Talavera.

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