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Chanceler italiano se demite por volta de marines à Índia

Governo decidiu devolver dois marines à Índia para serem julgados pelo assassinato de pescadores locais enquanto estavam em uma missão antipirataria


	Itália: o ministro italiano das Relações Exteriores, Giulio Terzi, disse que não podia mais fazer parte do governo.
 (Mario Tama/Getty Images)

Itália: o ministro italiano das Relações Exteriores, Giulio Terzi, disse que não podia mais fazer parte do governo. (Mario Tama/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2013 às 16h43.

Roma - O ministro italiano das Relações Exteriores, Giulio Terzi, demitiu-se nesta terça-feira por causa da decisão de seu governo de devolver dois marines à Índia para serem julgados pelo assassinato de pescadores locais enquanto estavam em uma missão antipirataria.

"Não posso mais fazer parte deste governo e anuncio minha demissão", disse Terzi durante declaração à Câmara dos Deputados. "Minhas reservas sobre enviar os marines de volta à Índia não foram escutadas".

O primeiro-ministro Mario Monti disse que ficou "estupefato" com a decisão de Terzi, porque os dois tinham se encontrado mais cedo e Terzi não havia lhe dito que se demitiria.

Monti afirmou que a opinião de Terzi de que os marines não deveriam voltar para a Índia "não é compartilhada pelo governo". O presidente Giorgio Napolitano nomeou Monti como chanceler interino.

Os marines Salvatore Girone e Massimiliano Latorre serão julgados na Índia pela morte de dois pescadores do Estado de Kerala, no sul, em fevereiro de 2012, quando estavam em uma missão antipirataria em um navio-tanque comercial italiano.

Eles disseram que dispararam tiros de advertência ao barco, que acreditavam ser uma embarcação pirata.

Desde o incidente, Índia e Itália estão envolvidas em uma rixa crescente, em uma época em que Roma tenta garantir um grande acordo para vender helicópteros ao governo indiano.

Os marines puderam voltar para casa para o Natal, e de novo para votar nas eleições italianas em fevereiro, sob a condição de voltarem à Índia.

Em 11 de março, o governo tecnocrata de Mario Monti disse que não iria enviar os marines de volta porque os tribunais indianos não tinham jurisdição sobre o incidente, que Roma diz ter ocorrido em águas internacionais.

Mas na semana passada a Itália reviu sua posição, depois que a Índia não deixou o embaixador italiano sair do país.

Latorre e Girone voltaram à Nova Délhi na sexta-feira, no que o chefe das forças de defesa, o almirante Luigi Binelli Mantelli, descreveu como uma "farsa".

Os dois homens escreveram uma carta aos parlamentares dizendo que a volta deles para a Índia era uma tragédia.

O modo confuso de lidar com a disputa vem sendo uma marca negra no breve governo de 17 meses de Monti, e levou a acusações de que o governo fez a Itália parecer fraca diplomaticamente.

A missão antipirataria dos marines foi conduzida sob a égide de uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) de proteger embarcações de repetidos ataques piratas.

Terzi disse que se demitiu para proteger "a honra do país, das forças armadas, e da diplomacia italiana", provocando aplausos dos parlamentares.

A Itália está em um limbo político há um mês desde a votação, que não deu a nenhum grupo político uma maioria no Parlamento. Mas o governo de Monti não deve permanecer no poder mais do que algumas semanas.

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