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Chanceler interino da Itália renuncia por conflito com Índia

Giulio Terzi não concorda com a decisão do governo de Mario Monti de permitir o retorno à Índia de dois militares italianos processados no país asiático


	Bandeira da Itália: a decisão foi anunciada após uma reunião da Comissão Interministerial para a Segurança da República (CISR) presidida por Monti e da qual participaram o próprio Terzi e a titular de Interior, Anna Maria Cancellieri.
 (Getty Images)

Bandeira da Itália: a decisão foi anunciada após uma reunião da Comissão Interministerial para a Segurança da República (CISR) presidida por Monti e da qual participaram o próprio Terzi e a titular de Interior, Anna Maria Cancellieri. (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2013 às 14h17.

Roma - O ministro de Relações Exteriores interino da Itália, Giulio Terzi, anunciou nesta terça-feira sua renúncia por desacordo com a decisão do governo de Mario Monti de permitir o retorno à Índia de dois militares italianos processados no país asiático pela morte de dois pescadores indianos.

Em um pronunciamento na Câmara dos Deputados, Terzi, nomeado chanceler do governo de Monti em novembro de 2011, disse que sua renúncia ocorre, entre outros motivos, em solidariedade aos dois militares.

"Renuncio em desacordo com a decisão de enviar novamente os militares à Índia. O desacordo expressado por mim mesmo não produziu nenhum efeito, e a decisão (do governo) foi outra", afirmou.

"Renuncio porque durante 40 anos considerei e considero hoje de maneira ainda mais forte que é preciso proteger a honorabilidade do país, das forças armadas e da diplomacia italiana. Renuncio porque sou solidário aos nossos dois militares e com suas famílias", acrescentou.

Terzi assegurou que sua "voz não foi ouvida" quando o Executivo italiano decidiu no dia 21 de março que permitiria um dia depois a volta dos militares ao fim do prazo da permissão de um mês concedido pela Índia para que pudessem voltar à Itália a votar nas eleições gerais de fevereiro.

"Esperei até hoje para renunciar porque queria vir aqui, ao Parlamento, como sede da soberania popular (...). Esperei para fazer isso aqui no Parlamento para expressar publicamente minha posição: já não posso fazer parte deste governo", incidiu Terzi, que era embaixador da Itália em Washington quando foi chamado para cobrir o cargo de ministro das Relações Exteriores.


Há cinco dias o Executivo de Monti se retratava e anunciava que permitiria a volta para a Índia dos militares Massimiliano Latorre e Salvatore Girone, que esperam julgamento no país asiático por matar em fevereiro de 2012 dois pescadores indianos que supostamente confundiram com piratas no Oceano Índico.

A decisão foi anunciada após uma reunião da Comissão Interministerial para a Segurança da República (CISR) presidida por Monti e da qual participaram também o próprio Terzi e a titular de Interior, Anna Maria Cancellieri.

A decisão foi tomada após o aumento da tensão diplomática entre a Índia e a Itália - cujo embaixador em Nova Délhi, Daniele Mancini, teve imunidade diplomática negada pela Corte Suprema, que considerou que Mancini os enganou prometendo a volta dos dois militares após a permissão, o que Roma anunciou que não aconteceria em 11 de março.

Os dois militares, que trabalhavam a bordo do cargueiro italiano "Enrica Lexie" fazendo a segurança, são acusados de ter atirado em 15 de fevereiro de 2012 em uma embarcação de pescadores que teriam pensado ser piratas quando navegavam perto do litoral de Kerala, causando a morte de dois deles.

Roma sustenta que os militares têm imunidade e que a jurisdição do incidente é da Itália, porque os satélites provam que a embarcação italiana estava em águas internacionais, mas Nova Délhi defende que sejam julgados pelos tribunais de seu país porque tudo ocorreu, de acordo com a Índia, em suas águas territoriais. 

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