Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira (Lula Marques/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 28 de maio de 2025 às 14h48.
Última atualização em 28 de maio de 2025 às 15h03.
Em audiência pública à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, nesta quarta-feira, o chanceler Mauro Vieira afirmou que a retirada dos opositores venezuelanos que estavam asilados na Embaixada da Argentina em Caracas, que estava sob tutela do Brasil, até hoje não foi explicada. Vieira disse que, em nenhum momento, os governos dos Estados Unidos e da Venezuela explicaram como foi a operação.
Vieira disse que a ida dos venezuelanos para os EUA foi positiva, pois eles passaram 413 dias trancados na embaixada. No entanto, perguntado por parlamentares da oposição sobre por que o Brasil não teria parabenizado o governo americano, o chanceler respondeu:
— Não temos porque parabenizar o governo americano por esse caso. Nem eles assumiram até hoje a autoria da operação de retirada, se é que houve, e o governo venezuelano também não disse nada. Em nenhum momento nos foi dito o que aconteceu e como foram retirados. Não posso fazer, portanto, um agradecimento no vazio. Mas foi um ato de coragem, arriscado e felicito pelo resultado.
A fuga dos quatro asilados, integrantes da equipe da líder opositora María Corina Machado, sobre os quais havia mandados de prisão, foi revelada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em 6 de maio deste ano. Até então, o Brasil vinha solicitando salvos condutos do governo venezuelano e ainda ofereceu uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para retirá-los do país.
— Até o momento, o que se sabe, é que nenhum salvo-conduto foi dado pelo governo venezuelano — ressaltou.
Por diversas vezes, o autor do requerimento da convocação, Marcel van Hattem (Novo-RS), atacou o ministro das Relações Exteriores. Hattem exigiu que Vieira se desculpasse por não ter comparecido, no dia 6 de maio, à audiência pública para a qual fora convocado, disse que ele não merece ocupar o cargo no Itamaraty e afirmou que pedirá o impeachment do chanceler.
— Vossa Excelência foi convocado para estar aqui no dia 6 de maio, terça-feira, às 14h. A agenda oficial tinha despachos internos. Disse que a viagem do presidente Lula à Rússia havia sido antecipada. Mas a viagem estava marcada para as 22h. Vossa Excelência já pediu desculpas? — indagou o parlamentar.
— Não desrespeitei em nada essa comissão — afirmou Vieira, justificando que, naquele dia, tinha inúmeros compromissos.
O ministro também foi criticado pelo asilo político concedido a Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru. Ela foi condenada pela Justiça do seu país por corrupção no caso Odebrecht.
Nadine Heredia é casada com o ex-presidente Ollanta Humala, que governou o Peru entre 2011 e 2016. Ela chegou ao Brasil no dia 16 de abril, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), com um pedido de refúgio, alegando perseguição política em seu país.
Vieira reiterou que o asilo diplomático foi concedido por razões humanitárias e, quando isso acontece, o país que concordou com a medida deve garantir transporte — o governo a trouxe para o Brasil em uma aeronave da FAB — em segurança.
— A concessão de asilo segue a prática regional — disse.
O chanceler também falou sobre o tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump. Voltou a argumentar que, se for para haver um reequilíbrio, seria a favor do Brasil, que tem déficit comercial histórico com os Estados Unidos, e não o contrário.
Trump impôs uma tarifa de 10% sobre todos os produtos brasileiros e uma sobretaxa de 25% sobre o aço e o alumínio importado de todos os países. Vieira disse que as negociações estão em andamento.