Mundo

Chanceler boliviano defende o direito de mascar coca

Para David Choquehuanca, prática 'é parte de raízes culturais, e assim como uma planta sem raízes morre, um povo que não defende sua cultura está destinado a perecer'

"Na Bolívia utilizamos a coca para tudo, em cerimônias, em casamentos, até para construir uma casa", disse o chanceler (Aizar Raldes/AFP)

"Na Bolívia utilizamos a coca para tudo, em cerimônias, em casamentos, até para construir uma casa", disse o chanceler (Aizar Raldes/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2012 às 12h11.

Madri - O chanceler boliviano, David Choquehuanca, defendeu nesta quarta-feira em Madri o direito de seu povo de mascar coca, uma prática ancestral 'que é parte de nossas raízes culturais, e assim como uma planta sem raízes morre, um povo que não defende sua cultura está destinado a perecer'.

Em entrevista à Agência Efe na Casa da América da capital espanhola, Choquehuanca se referiu ao pedido que o governo de Evo Morales apresentou à convenção antidroga da ONU para que a Bolívia seja readmitida por esse organismo, com uma emenda sobre a proibição da mastigação da coca.

'A convenção ignora as realidades de alguns povos, neste caso a nossa, e se contradiz, porque assim como proíbe a mastigação da folha de coca, permite seu uso para fins medicinais e de pesquisa científica', declarou.

'Eu masco coca com fins medicinais, quando estou cansado ou tenho dor de cabeça. Minha família e minha comunidade também mascam. Na Bolívia utilizamos a coca para tudo, em cerimônias, em casamentos, até para construir uma casa, na colocação dos alicerces, está presente a folha de coca', argumentou.

Choquehuanca destacou que 'em muitas reuniões internacionais, como na Unasul e nas dos países não-alinhados, que são mais de 120, os chefes de Estado solicitam que seja respeitado o uso tradicional da folha de coca'.

Reconheceu, no entanto, que outros países, 18 no total, não respaldaram o pedido da Bolívia, entre eles vários europeus e os Estados Unidos.

Em entrevista coletiva posterior, Choquehuanca falou sobre o controvertido programa nuclear iraniano e a possibilidade de um ataque israelense ao Irã, país com o qual assegurou, 'temos relações normais'.

'Os países tem diferentes cenários para abordar estes temas, como as Nações Unidas ou outros organismos internacionais. Esse tipo de problema deve ser solucionado mediante o diálogo', concluiu, sem detalhar se a Bolívia se posicionaria em defesa de Teerã. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBolíviaDrogas

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia