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Cessar-fogo em Gaza avança, diz EUA, depois de 700 mortos

Segundo a ONU, foram 649 vítimas palestinas, maioria de civis; do lado israelense, 35 pessoas morreram, incluindo 32 soldados


	Bombardeio em Gaza: o Conselho da ONU abriu investigação sobre ofensiva israelense
 (Reuters)

Bombardeio em Gaza: o Conselho da ONU abriu investigação sobre ofensiva israelense (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2014 às 20h22.

Territórios Palestinos - O chefe da <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/diplomacia">diplomacia</a></strong> americana, John Kerry, afirmou nesta quarta-feira que há avanços em direção a um cessar-fogo em Gaza, enquanto a ONU se referiu a possíveis crimes de guerra em um conflito que já fez quase 700 palestinos mortos.</p>

Já o líder do Hamas, Khaled Mechaal, declarou-se favorável a uma "trégua humanitária", mas recusou qualquer possibilidade de cessar-fogo enquanto a Faixa de Gaza for mantida sob o bloqueio imposto há oito anos pelos israelenses.

"Rejeitamos hoje e rejeitaremos no futuro" a proposta de um cessar-fogo antes das negociações sobre as reivindicações do Hamas, declarou Mechaal durante uma coletiva de imprensa em Doha, Catar.

Mechaal deixou claro que "não tem objeções" às iniciativas diplomáticas por uma trégua, mas que a condição é "a suspensão das agressões" contra Gaza, com a "suspensão do bloqueio".

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou os ataques indiscriminados do Hamas contra zonas civis, mas pediu uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos por Israel, em uma reunião extraordinária do Conselho de Direitos Humanos em Genebra.

"Existe uma alta possibilidade de que o direito humanitário internacional tenha sido violado, o que pode constituir crimes de guerra", declarou Pillay, citando como exemplo a destruição de casas e os civis mortos, entre eles muitas crianças, como resultado da operação israelense em Gaza.

Neste sentido, o Conselho abriu nesta quarta-feira uma investigação sobre a ofensiva israelense em Gaza, com 29 votos a favor (países árabes e muçulmanos, latino-americanos e africanos, assim como Rússia e China).

Os Estados Unidos votaram contra e os países europeus se abstiveram.

John Kerry, que chegou nesta quarta-feira a Israel, buscava, por sua vez, alcançar um cessar-fogo entre o Estado hebreu e o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

"Sem dúvida, demos alguns passos, mas ainda há muito trabalho", declarou Kerry durante um encontro com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Após se reunir com Ban Ki-moon e em Ramallah com o presidente palestino Mahmud Abbas, Kerry encontrará o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Tel Aviv, antes de viajar novamente ao Cairo.

47 mortos palestinos nesta quarta-feira

No 16º dia da ofensiva israelense destinada a neutralizar as capacidades militares do Hamas, no poder na Faixa de Gaza, os combates e bombardeios israelenses prosseguiram nessa quarta-feira, bem como os disparos de foguetes palestinos.

Nesta quarta, 47 palestinos morreram, elevando para 678 o balanço de mortos deixados pela ofensiva de Israel iniciada em 8 de julho, indicaram as equipes de socorro.

Segundo a ONU, a maioria das vítimas palestinas são de civis. O último balanço disponível é de 649 mortos, um número difícil de verificar, levando-se em conta o caos que reina em Gaza, onde aparecem sob os escombros corpos de pessoas falecidas em dias anteriores.

Do lado israelense, 35 pessoas morreram, incluindo 32 soldados.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), por sua vez, conseguiu uma breve suspensão dos combates em duas zonas devastadas da Faixa de Gaza para permitir a passagem de comboios humanitários.

Menos foguetes

O exército israelense - que registrou suas maiores perdas desde a guerra contra o Hezbollah libanês em 2006 - destacava o êxito de suas operações, em especial em Shejaiya, um subúrbio da cidade de Gaza (no norte da Faixa) onde os bombardeios mataram 70 pessoas.

"Durante as últimas 24 horas a situação está mais sob controle", declarou o porta-voz do exército, Peter Lerner, acrescentando que os disparos de foguetes do movimento islamita contra Israel diminuíram de intensidade.

"Foi constatada na terça-feira uma diminuição substancial dos disparos de foguetes. É difícil dizer se trata-se de uma tendência, mas o número é menor, 97", expôs.

Desde o início da ofensiva, no dia 8 de julho, foram contabilizados 1.700 impactos de foguetes em território israelense e 420 projéteis foram destruídos no ar.

O objetivo anunciado por Israel é desarmar o Hamas, colocar fim ao lançamento de projéteis, destruir os túneis utilizados pelos islamitas e deter as infiltrações em Israel de combatentes palestinos.

Voos cancelados

Em meio ao caos, Israel tentava se organizar nesta quarta-feira depois que várias companhias aéreas suspenderem seus voos a Tel Aviv por razões de segurança. Um foguete explodiu na véspera perto do aeroporto internacional da cidade israelense.

O Hamas classificou nesta quarta-feira de grande vitória a suspensão dos voos internacionais para Israel por temor em relação a disparos de foguetes palestinos.

"O fechamento do espaço aéreo israelense é uma grande vitória para a resistência", declarou o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zouhri, em um comunicado.

Por sua vez, o presidente israelense, Shimon Peres, considerou que a suspensão dos voos "se traduzirá em mais disparos de foguetes e em um risco maior não apenas (para Israel), mas para o mundo".

As autoridades israelenses ordenaram a abertura de um aeródromo no sul do país e a companhia aérea israelense El Al anunciou que aumentará seu número de voos.

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