Mundo

Cessar-fogo eleitoral termina sem incidentes na Colômbia

Cessar fogo foi decretado pelas duas maiores guerrilhas da Colômbia para não interferir no pleito de domingo passado


	Membro das Farc: cessar-fogo terminará na meia-noite desta quarta
 (Luis Robayo/AFP)

Membro das Farc: cessar-fogo terminará na meia-noite desta quarta (Luis Robayo/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2014 às 22h25.

Bogotá - O cessar-fogo eleitoral decretado pelas duas maiores guerrilhas da Colômbia para não interferir no pleito de domingo passado terminará na meia-noite desta quarta-feira com o propósito cumprido após quase dez dias sem ataques e as eleições presidenciais mais tranquilas já lembradas no país.

"A Colômbia não só teve eleições tranquilas, mas, ao mesmo tempo, uma jornada eleitoral similar à de qualquer nação em paz", disse no domingo o ministro de Defesa colombiano, Juan Carlos Pinzón, após o fechamento das urnas.

Desde 20 de maio, quando começou o cessar-fogo unilateral por parte das duas guerrilhas, o primeiro que decretam conjuntamente, só foram registradas três ações armadas por parte das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), das quais duas foram defensivas.

Na terceira "existem dúvidas sobre a forma como ocorreram os fatos", segundo um relatório apresentado nesta quarta-feira pela Fundação Paz e Reconciliação, uma organização dedicada a registrar o conflito armado interno.

Por sua vez, o Exército de Libertação Nacional (ELN), a segunda guerrilha do país com cerca de 1,5 mil combatentes, "cumpriu em 100% a trégua anunciada".

O coordenador da Observação Fundação Paz e Reconciliação, Ariel Ávila, disse à Agência Efe que foi uma "trégua bem-sucedida", sobretudo em comparação com as duas anteriores declaradas pelas Farc desde que começou o processo de paz, na qual ocorreram diversas ações armadas e algumas delas unilaterais.

Além disso, Ávila destacou que na trégua atual todas as unidades guerrilheiras, inclusive as que em ocasiões anteriores violaram o cessar-fogo, cumpriram as ordens do Secretariado (principal órgão das Farc).

Trata-se da Frente 36 e da Frente 57, localizadas respectivamente nos departamentos de Antioquia e Chocó.

"São unidades que tiveram uma história de narcotráfico longa, mas agora são frentes que cumprem, as Farc conseguiram controlar isso", assinalou.

Os maiores incidentes registrados durante a trégua ocorreram na região do Catatumbo, fronteiriça com a Venezuela, onde além das Farc e o ELN há presença um reduto dissidente do desmobilizado Exército Popular de Libertação (EPL).

Esse grupo, mais dedicado ao narcotráfico do que à luta armada, segundo as autoridades, assassinou um policial e atacou uma delegacia durante estes dias.

Ávila explicou que o líder desse grupo, conhecido como "Megateo", teve uma pressão muito grande da polícia nos últimos três meses e que com essas ações "quis parecer uma guerrilha".

Apesar do "êxito" do cessar-fogo com relação à queda das ações armadas, o presidente colombiano e candidato à reeleição, Juan Manuel Santos, não conseguiu vencer o pleito de domingo, ficando na segunda posição com 25,69% dos votos.

Santos enfrentará no segundo turno em 15 de junho o candidato uribista Óscar Iván Zuluaga, que no domingo obteve 29,25% e que criticou que o cessar-fogo era um instrumento para beneficiar o atual presidente.

As Farc, que na terça-feira completaram 50 anos em meio ao cessar-fogo, negociam com o governo de Santos um acordo de paz em Cuba desde novembro de 2012, diálogos que após a assinatura de pactos parciais em três pontos da agenda já ultrapassaram o que era esperado.

O ELN pretende manter diálogos parecidos aos das Farc. A segunda guerrilha colombiana reitera há mais de um ano sua vontade de iniciar um processo com o governo, mas que ainda não recebeu resposta.

Agora, a Colômbia aguarda se as Farc e o ELN decretarão um novo cessar-fogo por conta do segundo turno dos pleitos presidenciais.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaColômbiaEleiçõesFarcSegurança pública

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições