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Cerca de 300 membros das Farc não aderem a acordo de paz

Governo colombiano prometeu 'luta dura' contra grupos que veem mais incentivo no narcotráfico e na mineração ilegal do que em deixar as armas

Grupo rebelde da Colômbia, as Farc (Reuters)

Grupo rebelde da Colômbia, as Farc (Reuters)

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Reuters

Publicado em 5 de fevereiro de 2017 às 17h04.

Saiza, Colômbia -- O processo de paz em desenvolvimento na Colômbia está enfrentando cinco por cento de dissidência de combatentes das Farc, que veem mais incentivo no narcotráfico e na mineração ilegal do que em deixar as armas, disse o comandante do Exército, prometendo uma luta dura contra esses grupos.

Com seu traje militar camuflado e entre as montanhas do nordeste colombiano, o comandante do Exército, general Alberto José Mejía, revelou em uma entrevista à Reuters que calcula-se que 300 homens não estão acompanhando o acordo de paz assinado em novembro para acabar com 52 anos de conflito.

"As Farc apresentaram e reconheceram algumas dissidências. No Bloco Oriental as frentes 1ª, 7ª, 44 e Acacio Medina, e no Bloco Sul as frentes 14 e 64. Isto é o que sabemos até o momento e correspondem a cinco por cento das Farc, aproximadamente 300 homens", disse Mejía.

Este é o primeiro número oficial que se conhece sobre as deserções das Farc, no momento que termina a concentração de cerca de 6 mil combatentes, em cumprimento ao acordo de paz para deixarem as armas e desmobilizarem-se, cerca de 1 mil a menos do que os membros da guerrilha estimavam.

"Poderiam surgir outras dissidências em outros lugares, em números muito pequenos, estamos nesse processo de verificação, monitoramento, temos radares fixos e alguns indícios que estamos avaliando. Mas, na realidade, para o número esperado por analistas em outros conflitos, normalmente de 20 por cento, 5 por cento é um número remoto", disse.

As dissidências também soaram os alarmes no Brasil, ante a possibilidade de que desertores se unam a organizações de narcotráfico e crime organizado como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que busca o controle das rotas do narcotráfico na fronteira com a Colômbia.

A assinatura do acordo de paz --negociado por quatro anos em Cuba-- entre o governo do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) deu início ao fim do conflito armado mais longo da América Latina, que deixou cerca de 220 mil mortos.

Mas alguns comandantes guerrilheiros de estruturas dedicadas ao narcotráfico e à mineração ilegal em zonas de selva do sudeste do país se declararam dissidentes. As Farc expulsaram cinco dirigentes em dezembro por este motivo.

Mejía reconheceu que a guerrilha está cumprindo o compromisso de se concentrar e advertiu que os desertores, com quem já foram travados combates, serão enfrentados com todo o poder militar.

Do povoado de Saiza saíram dezenas de guerrilheiros para concentrarem-se, mas as dissidências das Farc, a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) e grupos criminosos buscam ocupar as regiões vazias para controlar o narcotráfico e a mineração ilegal, enfatizou.

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