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Centro de gerenciamento de riscos custaria R$ 1 mi anuais

Instituição faria mapeamento e fiscalização sistemática de áreas vulneráveis a deslizamentos. Custo de um centro nacional seria de R$ 50 milhões

Morro do Bumba: famílias moravam sobre aterro sanitário desativado nos anos 80 (.)

Morro do Bumba: famílias moravam sobre aterro sanitário desativado nos anos 80 (.)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - Com  cerca de 1 milhão de reais por ano, a prefeitura do Rio de Janeiro pode evitar que novos deslizamentos de terra repitam o cenário que levou pelo menos 247 pessoas ao óbito em todo território fluminense na semana passada.

A estimativa, feita pela  Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE), refere-se aos custos de manutenção de um Centro Municipal de Gerenciamento de Riscos. A instituição teria a responsabilidade de mapear e fiscalizar rotineiramente as áreas vulneráveis a deslizamentos na cidade.

"Os governos, geralmente, atuam na emergência. Isto é, depois que o problema aconteceu", afirma Fernando Kertzman, presidente da ABGE. "Esse centro atualizaria sistematicamente as cartas geotécnicas e de risco do município. É uma forma de conhecer o problema previamente".

Para especialistas, a elaboração de cartas geotécnicas e das áreas de riscos da cidade é o primeiro passo para a criação de medidas preventivas contra enchentes e deslizamentos. Em zonas com alta vulnerabilidade a estes eventos, por exemplo, o governo poderia priorizar um processo de remoção e posterior assentamento dos moradores em outros locais. Como  o que aconteceu nos bairros-cota, em Cubatão.

O Morro do Bumba, localizado em Niterói, se enquadraria nesta categoria. Lá, uma comunidade inteira se instalou sobre um aterro sanitário desativado em meados da década de 80. Na última quarta-feira, as chuvas fortes somadas à altíssima vulnerabilidade do terreno implodiu cerca de 60 casas. Até agora, foram registrados cerca de 44 mortos.

    <hr>                                     <p class="pagina">"Não há condições para urbanizar uma área dessas. As pessoas não podem  morar ali", diz o professor Willy Lacerda, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Reabilitação de Encostas e Planícies. A  solução, segundo ele, seria remover a população, recolher o chorume e  reflorestar a região. "Aí, sim, criar áreas de contenção para impedir  deslizamentos do lixão", afirma. <br> <br> Essas estratégias, no entanto, não precisariam ser adotadas em todas  comunidades instaladas em encostas. Nas áreas que apresentarem de baixo a  médio risco, soluções de engenharia poderiam prevenir tragédias como as  da semana passada. <br> <br> No entanto, de acordo com Kertzman, existem apenas 600 cartas de riscos  registradas na ABGE. Além de não embasar políticas públicas de  prevenção, a ausência deste tipo de documento dificulta também o  trabalho das equipes de resgate no momento dos acidentes.</p>

No Morro do Bumba isso ficou patente. Sem um mapeamento oficial da área, os bombeiros e técnicos da Defesa Civil que atuavam no resgate dos moradores tiveram que recorrer ao sistema  Google Maps. Foram as imagens de satélite fornecidas na internet pela empresa de Mountain View que forneceram às autoridades uma noção concreta da tragédia.

Questão nacional
O problema de deslizamentos, contudo, não está restrito aos morros fluminenses. Por isso, a ABGE sugere também a criação de um Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos. "A ideia não é criar uma Riscobras, ou seja, mais uma estatal. A ideia é montar um centro de referência para integrar os diferentes grupos que já existem nos estados", afirma o presidente da associação. De acordo com ele, o investimento anual do governo deveria ser de 50 milhões de reais.  Veja outras matérias sobre desastres naturais.

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