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Centenas de jovens acampam contra Putin em Moscou

O protesto acontece, curiosamente, enquanto o restante da Europa lembra o nascimento há um ano do Movimento 15M no centro de Madri

Meninos e meninas com violões, sentados sobre calçadas e sobre o gramado, fazem com que a Rússia de Putin não pareça um país autoritário (Sean Gallup/Getty Images)

Meninos e meninas com violões, sentados sobre calçadas e sobre o gramado, fazem com que a Rússia de Putin não pareça um país autoritário (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2012 às 16h29.

Moscou - Centenas de jovens opositores acamparam de forma indefinida no centro de Moscou para protestar contra Vladimir Putin, que assumiu nesta semana a Presidência da Rússia.

"Estamos aqui para exigir novas eleições, parlamentares e presidenciais. Estaremos aqui e não iremos embora", afirmou nesta sexta-feira à Agência Efe Pavel Lobánov, descontente com a política imposta ao país durante os últimos 12 anos por Putin, que se alternou entre a Presidência e a Chefia de Governo desde então.

O camping se apresentou perante as autoridades como a celebração indefinida do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazista, que os russos comemoram no dia 9 de maio, para assim evitar a dissolução pela Polícia.

Lobánov não acredita que a Polícia retire seus companheiros do bulevar onde estão: "se não, caminharemos a outra praça".

No meio do bulevar de Christii Prudí, aos pés do monumento ao poeta cazaque Abai Kunanbaev, os "indignados com Putin" acampam e se reúnem para organizar conversas e assembleias.

A poucos metros do monumento, rodeados por centenas de simpatizantes que se aproximam do local, foi criado um ponto de informação e organização.

"Estamos aqui para organizar um espaço autônomo. Não temos líderes. Tudo é organizado pela iniciativa dos acampados", afirma Stanislav, um dos concentrados que não quer revelar seu sobrenome.

O protesto acontece, curiosamente, enquanto o restante da Europa lembra o nascimento há um ano do Movimento 15M no centro de Madri, impulsionado também por jovens descontentes.


Da mesma forma que os "indignados" fizeram há um ano em Madri, este acampados contam com um ponto de recolher comida ao qual os voluntários levam alimentos.

"As pessoas nos trazem dinheiro para comprar comida, trazem água quente e também alimentos", conta Yelizaveta Blinkova, que entrega até cigarros a todos os que se aproximam do ponto de repartição.

Às suas costas, 12 jovens estão deitados sobre o gramado da área de jardins do bulevar, onde suas barracas, agora recolhidas para não provocar a Polícia, serão montadas quando cair a noite.

"Passamos a noite aqui. Há pessoas que nos oferecem inclusive um lugar para tomar banho. Uma mulher distribuiu cartões para nos dar um lugar para tomar banho. Temos cobertores para não passar frio e nos abrigamos bem", explica Blinkova.

A maioria nem ouviu falar sobre Madri e outras concentrações dos "indignados", mas o ambiente que se respira no local em um esplêndido dia de primavera se assemelha a esses movimentos.

Meninos e meninas com violões, sentados sobre calçadas e sobre o gramado, fazem com que a Rússia de Putin não pareça um país autoritário, como muitos dos presentes consideram.

Da mesma forma que fizeram há um ano os madrilenos na Puerta del Sol, muitos acampados saem à noite para dormir em suas casas e comparecem em seu trabalho durante o dia, para depois voltar pela tarde a Chistii Prudí e participar da "celebração indefinida".

O Dia da Vitória não passou despercebido para os moscovitas: milhares de pessoas se concentraram no centro da cidade e mais de 400 opositores foram presos após enfrentamentos com a Polícia, um dia antes de Putin tomar posse como presidente do país.

No dia 8 de maio, quando o já ex-presidente Dmitri Medvedev era confirmado novo primeiro-ministro na Duma (câmara baixa do Parlamento russo), vários jovens se instalavam com suas barracas no bulevar de Chistii Prudí.

As forças não parlamentares não demoraram a tomar partido do camping aparentemente espontâneo dos jovens e insistem em que as concentrações e piquetes continuarão.

"Podem encarcerar Navalni e Udaltsov (líderes informais da oposição), mas estas pessoas continuarão contando com um líder e um coordenador - o Twitter - ao qual é impossível encarcerar", disse nesta sexta-feira à agência "Interfax" Ilya Yashin, um dos rostos conhecidos do movimento opositor Solidariedade. 

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