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Centenas de europeus reclamam seus direitos no Reino Unido

Portando cartazes com dizeres como "não somos moeda de troca", os imigrantes solicitaram ao governo que lhes assegure que sua posição não mudará

Protestos em Londres: aproximadamente 3 milhões de cidadãos da UE vivem no Reino Unido (Stefan Wermuth/Reuters)

Protestos em Londres: aproximadamente 3 milhões de cidadãos da UE vivem no Reino Unido (Stefan Wermuth/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 17h18.

Centenas de cidadãos europeus residentes do Reino Unido manifestaram-se nesta segunda-feira (20) ante o Parlamento britânico para exigir garantias de que poderão seguir vivendo como antes da implantação do Brexit.

Portando cartazes com dizeres como "não somos moeda de troca", ou "parem o Brexit, o Brexit é racista", os imigrantes , alguns há décadas residentes do país, casados com britânicos, ou com filhos e netos nascidos no território, solicitaram ao governo de Theresa May que lhes assegure que sua posição não mudará após a saída do bloco.

Oito meses após o referendo em que os britânicos aprovaram a saída do bloco, May insiste em não dar essas garantias até que também as receba de seus sócios europeus em relação aos 900.000 britânicos que vivem em território da União Europeia.

Aproximadamente 3 milhões de cidadãos da UE vivem no Reino Unido.

"Deve-se esclarecer o quanto antes o que ocorrerá com esses cidadãos, pois é preciso planejar o futuro e eles deveriam ter direito a permanecer onde estão", disse à AFP Kira, envolta na bandeira alemã.

A alemã de 18 anos chegou ao país quando tinha apenas um ano, e está com medo, principalmente por seus pais e irmãos.

"Sou jovem, e posso começar uma nova vida na Alemanha".Agnes Baudur, uma francesa de 60 anos que levou a metade de sua vida no país e é casada com um britânico, começou a ver os trâmites para obter o passaporte, embora não tenha feito nada ainda. "Achava que poderia continuar a viver aqui, porém agora começo a ficar preocupada".

A espanhola Araceli Rodríguez, também 60 anos e que chegou há mais de 33 anos ao país, está prestes a se tornar bisavó de uma menina britânica, participou da manifestação por causa da sua bisneta, filha e seus netos. Quanto à ela, já decidiu que voltará à Espanha quando a expulsarem.

"Nunca solicitarei o passaporte britânico, sinto-me espanhola e já estou muito feliz. Tudo está incerto e nosso futuro está encurralado", afirmou. "Nunca pensei que voltaria à Espanha, mas mudei de opinião. Não vale a pena ficar em um país no qual não me querem".

No Parlamento, a Câmara dos Lordes debatia lei que autorizará a primeira-ministra a iniciar o Brexit, uma etapa delicada para o governo conservador porque não possui maioria.

Mais de 50 Lordes discute nesta segunda e terça-feira sobre o rascunho que será votado no segundo dia de reunião.

Concretamente, o projeto de lei dá permissão a May para ativar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, a porta de saída da União Europeia.

O governo queria evitar a permissão do Parlamento, mas foi obrigado a pedi-la pela Suprema Corte.

Vários Lordes expressaram sua intenção de emendar a lei para garantir os direitos dos europeus residentes no Reino e para ter voto no acordo final do divórcio com Bruxelas.

Peter Mandelson, um Lorde do Partido Trabalhista, ex-comissário europeu, disse que há "uma forte corrente de opinião" na Câmara sobre a seriedade de ambos os pontos, mas não considerou provável que os Lordes bloqueiem totalmente o Brexit.

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