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Centenas de bolivianos protestam contra vitória de aliado de Evo Morales

A vitória do economista Luis Arce por maioria absoluta no 1º turno pegou os bolivianos de surpresa, após pesquisas que previam um 2º turno com Mesa

Centenas de bolivianos protestam contra vitória de aliado de Evo Morales, Luis Arce (Ueslei Marcelino/Reuters)

Centenas de bolivianos protestam contra vitória de aliado de Evo Morales, Luis Arce (Ueslei Marcelino/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 06h45.

Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 09h32.

Embora já esteja estabelecida com mais de 80% das urnas apuradas, a vitória de Luis Arce na Bolívia ainda não foi completamente confirmada, mas bolivianos de oposição já começaram a se manifestar, gerando preocupação sobre a estabilidade institucional no país.

Nesta terça-feira, 20, algumas centenas de bolivianos foram às ruas na cidade de Santa Cruz, reduto do candidato de direita Luis Fernando Camacho (que ficou em terceiro lugar) e a mais rica da Bolívia.

“Isso é uma fraude, como sempre fez [o ex-presidente] Evo Morales”, disse uma manifestante que se identificou apenas como Yeni a um repórter da AFP. A mulher carregava uma bandeira verde e branca, símbolo de Santa Cruz, enquanto protestava em uma praça central da cidade.

Luis Arce é candidato do MAS, mesmo partido de Morales. A vitória de Arce "é como um tapa na cara", disse o manifestante Yasmani Acosta.

O candidato Luis Fernando Camacho criticou a decisão do Tribunal Eleitoral de suspender seu sistema de contagem rápida e ter apenas uma contagem oficial lenta. “Essa foi nossa principal arma para detectar fraudes em 2019 e agora não a temos”, disse Camacho, apelidado de 'Bolsonaro boliviano', uma associação ao presidente do Brasil.

Apesar dos protestos, nesta quarta-feira, 20, o secretário da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, afirmou que "os resultados deixam claramente estabelecida a legitimidade do próximo governo de Luis Arce". A OEA foi a mesma organização que acusou fraude nas eleições do ano passado, que levaram à queda de Morales.

Algumas dezenas de pessoas também protestaram nesta terça-feira em frente à sede do Tribunal Eleitoral da região central da cidade de Cochabamba, denunciando uma suposta "fraude" nas eleições vencidas pelo candidato de esquerda.

Arce, herdeiro político de Morales, venceu as eleições com mais de 53% dos votos, superando o ex-presidente centrista Carlos Mesa, com 29%, e Camacho, com 14%, segundo a contagem oficial que avançou lentamente nesta terça-feira à noite, com mais de 80% dos votos contados.

A OEA, mesma organização que questionou as eleições no ano passado, afirmou hoje que há legitimidade nas eleições bolivianas.

A vitória do opositor Arce por maioria absoluta no primeiro turno pegou os bolivianos de surpresa, após pesquisas que previam um resultado mais apertado e um segundo turno com Mesa.

“Vivemos momentos de incerteza gerados por uma péssima gestão do processo eleitoral”, disse Camacho em suas redes sociais.

Camacho foi um dos líderes da grande mobilização de Santa Cruz que exigiu a renúncia de Morales em 2019 em meio a denúncias de fraude nas eleições, nas quais o então presidente de esquerda havia sido reeleito, no primeiro turno, para um quarto mandato. Morales ficou no poder entre 2006 e 2019, e está hoje exilado na Argentina.

Entre outubro e novembro de 2019, mobilizações massivas em várias cidades bolivianas exigiram a renúncia de Morales, que também perdeu o apoio das Forças Armadas e entregou o cargo. Os distúrbios deixaram mais de 30 mortos e 800 feridos, segundo a ONU.

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