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Cenário-pesadelo dos serviços antiterroristas é confirmado

O cenário-pesadelo temido há meses pelos serviços antiterroristas ocorreu na noite desta sexta-feira em Paris


	Policial francês bloqueia uma rua próxima ao ataque ao restaurante de Paris, na França
 (KENZO TRIBOUILLARD/AFP)

Policial francês bloqueia uma rua próxima ao ataque ao restaurante de Paris, na França (KENZO TRIBOUILLARD/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2015 às 23h47.

Ataques simultâneos e uma tomada de reféns, conduzidos por diversos atiradores e ao menos um homem-bomba: o cenário-pesadelo temido há meses pelos serviços antiterroristas ocorreu na noite desta sexta-feira em Paris.

Ao longo das últimas semanas, responsáveis e especialistas haviam previsto que atentados islamistas, de uma amplitude sem precedentes, estavam sendo preparados contra a França e seriam quase impossíveis de ser despistados.

"O termômetro sobe. Hoje, o objetivo é agir contra o tempo, para que a imprensa possa cobrir o evento, divulgá-lo ao vivo para um máximo de publicidade", confiou recentemente à AFP, sob anonimato, um alto funcionário da luta antiterrorista. "Nós tememos daqui pra frente ataques de kalachnikov, que vão durar".

Dezenas de pessoas foram mortas nos ataques de arma automática e explosivos perpetrados sobre sete pontos diferentes de Paris, cuja casa de shows do Bataclan e o Stade de France, ao norte da capital, enquanto ocorria o amistoso entre França e Alemanha.

No Bataclan (centro de Paris), onde os atacantes atiraram contra a multidão gritando "Allahu Akbar" ("Deus é maior"), a polícia invadiu pouco após meia-noite (21h de Brasília). Houve uma centena de mortos, segundo uma fonte policial.

Cinco eixos de Paris muito frequentados na noite de sexta-feira também foram atingidos em bairros vizinhos à praça da República, uma área próxima ao jornal Charlie Hebdo, atacado em janeiro.

É exatamente o que temem, há meses, as autoridades: a cópia, piorada, na capital francesa, do ataque por um comando islamita bem armado do centro comercial Westgate em Nairóbi, em setembro de 2013, que deixou 68 mortos ao final de quatro dias de sítio, sob os olhos de câmeras do mundo inteiro.

"Se eles se fecham numa loja de departamento, é um pesadelo para encontrá-los", afirmou o mesmo responsável. "Apenas para sabermos quantos atiradores são, depois para encontrá-los, neutralizá-los, é preciso horas. No dia em que nos depararmos com dois bons veteranos dos combates na Síria, estaremos em maus lençóis".

"Rapazes decididos"

Desde o início do ano, apenas a sorte e a falta de jeito dos autores de tentativas de atentado, como aqueles contra um trem Thalys entre Amsterdam e Paris ou uma igreja em Villejuif (periferia de Paris) permitiram evitar uma chacina.

Mas, com o retorno da Síria e do Iraque de dezenas de combatentes jihadistas cada vez mais aguerridos, tão numerosos que é impossível colocá-los todos em monitoramento, os riscos de um ataque de amplitude inigualável aumentava sem parar.

"O perigo vem de uma equipe mais ou menos maior de rapazes que vêm de teatros de operações onde eles se tornaram mais agressivos, talvez a Síria, talvez a líbia, o Iêmen, que encontram as armas no local (na França) e passam à ação", contou recentemente à AFP Yves Trotignon, ex-funcionário dos serviços antiterroristas da DGSE.

"Rapazes decididos, prestes a morrer, que estudaram o alvo e são sólidos do ponto de vista operacional podem fazer muito mal. O número de jihadistas veteranos aumenta todos os dias. Diante disso, é preciso dizer, os serviços estão atolados", afirmou.

Após os ataques contra Charlie Hebdo e o supermercado Hyper Cacher em janeiro, os serviços antiterroristas, de informação, da polícia, de socorro, se preparam para a eventualidade de um ataque simultâneo. Eles ensaiaram as respostas, os modos de mobilização e de cooperação para enfrentar esses desafios.

Os atentados de Bombaim em novembro de 2008, ao longo dos quais dez agressores fizeram cinco alvos diferentes ao mesmo tempo, deixando 173 mortos, foram estudados por todos os serviços antiterrorismo do mundo.

Mas todos os responsáveis interrogados estimavam que era inevitável que, no dia D, o modo operacional dos atacantes compreenda detalhes que não foram possíveis antecipar.

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