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Celestino V, único Papa a renunciar antes de Bento XVI

São Celestino V renunciou à sua função no mesmo ano de sua eleição, em 1294


	Bento XVI visita as relíquias do Papa Celestino na igreja de Maria de Collemaggio: Celestino vivia como eremita e não se sentiu preparado para assumir a liderança da Igreja
 (Osservatore Romano/AFP)

Bento XVI visita as relíquias do Papa Celestino na igreja de Maria de Collemaggio: Celestino vivia como eremita e não se sentiu preparado para assumir a liderança da Igreja (Osservatore Romano/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2013 às 12h03.

Cidade do Vaticano - A decisão de Bento XVI de renunciar a seu posto é um evento quase inédito na história da Igreja, o único precedente conhecido remonta há mais de sete séculos com a renúncia voluntária do Papa Celestino V.

Outros papas se retiraram do Pontifício em circunstâncias históricas particulares, mas sem uma renúncia propriamente dita.

São Celestino V renunciou a sua função no mesmo ano de sua eleição, em 1294. Ele vivia como eremita até a sua nomeação como Papa e não se sentiu preparado para assumir a liderança da Igreja.

Nascido em 1215, de origem humilde, Pietro del Morrone vivia como monge beneditino em Abruzzo quando o conclave de Perugia anunciou sua eleição, em julho de 1294. A escolha de um desconhecido devia acabar com a guerra entre os guelfos e gibelinos pela sucessão de Nicolau IV, morto dois anos antes.

Pietro del Morrone adotou o nome de Celestino V e transferiu a corte para Nápoles. Mas o novo Papa rapidamente expôs as razões que o impediam de desempenhar suas funções: sua humildade e saúde. Ele abdicou em 13 de dezembro de 1294, em acordo com seus cardeais.

Em 24 de dezembro, o cardeal Bento Gaetani foi eleito para sucedê-lo sob o nome de Bonifácio VIII, mas tentou manter Celestino a seu lado. O monge tentou escapar e se juntar novamente à sua ordem, que passou a adotar o nome de "Celestinos", mas foi capturado pelos guardas do Papa. Celestino V morreu em 1296 e está sepultado na igreja de sua ordem em Aquila.

Além disso, outros papas deixaram seus cargos em outras circunstâncias. O Papa Martinho I, preso e exilado na Grécia em 653 pelo imperador do Oriente, tacitamente aprovou a eleição de outro Papa, Eugênio I. Três séculos depois, em 964, o Papa Bento V, apresentado como um antipapa, foi deposto pelo imperador Otto I, e aceitou a sentença, renunciando ao papado.

Sabe-se também que o Papa João XVIII morreu em Roma em 1009 como um simples monge de São Paulo, que o Papa Silvestre III, expulso por seu rival Bento IX, em 1045, passou a se ocupar apenas de sua diocese, e que Bento IX abdicou em favor do Papa Gregório VI.

Finalmente, depois de Celestino V, o Papa Gregório XII renunciou durante o Concílio de Constança, em 1415, e aposentou-se como um simples cardeal-bispo. Era a época do Grande Cisma do Ocidente, e a Igreja tinha três papas concorrentes.

A possibilidade de renúncia de um papa já havia sido assinalada por vários Papas do século XX, e, finalmente, pelo Papa João Paulo II, que previu expressamente na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, publicada em fevereiro de 1996. Ele não o fez, apesar de um longo período de doença.

Joseph Ratzinger já havia indicado em um livro-entrevista, "Luz do mundo", que um Papa "tem o direito e, dependendo das circunstâncias, o dever de se retirar" se sentir que sua força "física, psicológica e espiritual" o escapa.

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