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Cavaco Silva abre novas consultas para acordo de salvação

As audiências presidenciais aconteceram após seis dias de negociações entre os partidos

O chefe de Estado de Portugal, Aníbal Cavaco Silva: segundo fontes oficiais, Cavaco retomou os contatos políticos com o secretário-geral do Partido Socialista (PS), António José Seguro. (GettyImages)

O chefe de Estado de Portugal, Aníbal Cavaco Silva: segundo fontes oficiais, Cavaco retomou os contatos políticos com o secretário-geral do Partido Socialista (PS), António José Seguro. (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2013 às 16h21.

Lisboa - O chefe de Estado de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, abriu nesta sexta-feira novas consultas com os partidos conservadores do governo e com a oposição socialista, que tentam chegar a um difícil pacto de "salvação nacional".

As audiências presidenciais aconteceram após seis dias de negociações entre os partidos sem que se tenha anunciado um acordo para fechar a crise política que começou em Portugal há 17 dias com a renúncia de dois ministros.

Enquanto isso, os juros da dívida portuguesa, que subiram ao calor da crise política, continuaram hoje em ligeira queda e ficaram mais uma vez abaixo da barreira de 7%.

Segundo fontes oficiais, Cavaco retomou os contatos políticos com o secretário-geral do Partido Socialista (PS), António José Seguro, e se reuniu depois com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, do Partido Social Democrata (PSD, centro-direita), sem revelar o conteúdo dos encontros.

Por último, recebeu o membro minoritário do Executivo, Paulo Portas, do Centro Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP, democrata-cristão), cuja renúncia como ministro das Relações Exteriores, por desavenças com Passos Coelho, gerou a crise de governo.

Os três partidos realizaram oito rodadas de negociação desde domingo na busca de um pacto que dê estabilidade ao governo e permita concluir, em junho de 2014, o programa do resgate financeiro.


As conversas se deram reservadamente e sob pressão do chefe de Estado, das organizações patronais, do segundo maior sindicato do país (UGT) e de várias personalidades, que reivindicam um acordo sobre o rumo econômico e político.

Fontes oficiais reconheceram, no entanto, a existência de sérias dificuldades para alcançar o pacto, e o próprio Cavaco Silva admitiu que pode não se concretizar.

A questão de fundo são as divergências entre o Executivo e o principal grupo da oposição sobre as políticas de austeridade, que o PS se nega a aprovar.

Vários dirigentes socialistas manifestaram publicamente sua rejeição à negociação, como o ex-presidente Mário Soares, que alertou quanto ao risco de "rompimento" no partido em caso de pactuar posturas com os conservadores, no poder desde 2011.

Passos Coelho também criticou ontem à noite a possibilidade de fazer eleições antecipadas no próximo ano após terminar o resgate, como propôs Cavaco, e lembrou seu renovado acordo com o democrata-cristão Portas para concluir o mandato graças a maioria absoluta que somam as duas forças conservadoras.

O acordo de salvação nacional foi proposto por Cavaco para garantir o sucesso do programa de assistência estipulado com a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI) em maio de 2011 e evitar o risco de um segundo resgate.

Cavaco também pediu consenso para reforçar a posição do país diante dos organismos internacionais, reticentes a suavizar as severas medidas de austeridade exigidas nos últimos dois anos apesar do atual contexto de recessão e aumento do desemprego.


A crise política surgiu quando Portas pôs a coalizão conservadora à beira da ruptura ao renunciar justamente por divergências com o primeiro-ministro sobre as medidas de austeridade.

Passos Coelho conseguiu fazê-lo repensar em troca de uma remodelação do gabinete - com maior poder para os democratas-cristãos - não aceita por Cavaco, que optou por pedir aos três principais partidos um compromisso de governo.

Embora tenha rejeitado eleições imediatas, como reivindicam as forças de esquerda, o chefe de Estado admitiu a convocação de eleições antecipadas após o fim do resgate, em junho de 2014, uma hipótese criticada pelo primeiro-ministro pela incerteza que gera.

Passos Coelho também deixou transparecer a falta de avanços nas negociações dos partidos ao defender um acordo que tenha "conteúdo" e não seja só "para salvar a cabeça" ou "ficar bem na foto". 

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