Catalunha: as próximas 48 horas podem ser cruciais para o futuro do conflito entre os governos de Madri e Barcelona (Chris McGrath/Getty Images)
AFP
Publicado em 17 de outubro de 2017 às 08h45.
A Catalunha viverá nesta terça-feira um dia de protestos contra a prisão de dois influentes líderes independentistas catalães acusados de sedição pela justiça, o que pode aumentar ainda mais a tensão entre os governos regional e central.
"Infelizmente, temos presos políticos outra vez", afirmou o presidente do governo catalão Carles Puigdemont.
As próximas 48 horas podem ser cruciais para o futuro do conflito entre os governos de Madri e Barcelona, uma situação que levou o Executivo central a reduzir a previsão de crescimento econômico de 2018, de 2,6% a 2,3%.
A prisão e os protestos desta terça-feira acontecem em um momento de bloqueio na disputa pela declaração de independência.
Após uma primeira solicitação do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, ao catalão Carles Puigdemont por um esclarecimento sobre se havia declarado ou não a independência na semana passada, que foi respondida com uma oferta de diálogo, mas não um "sim" ou "não", o presidente catalão tem agora até quinta-feira para responder ou retificar a posição.
Jordi Cuixart, líder da Omnium Cultural, e Jordi Sánchez, da Assembleia Nacional Catalã, foram presos à espera do julgamento por determinação da juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional, suspeitos de convocar e liderar os protestos contra uma operação da polícia que procurava provas do referendo inconstitucional de independência de 1 de outubro.
Omnium e ANC convocaram protestos ao meio-dia (8H00 de Brasília) e uma manifestação durante a noite no centro de Barcelona.
Outros protestos devem acontecer durante a tarde diante das sedes das delegações do governo espanhol nas quatro capitais de província da Catalunha (Tarragona, Lérida, Gerona e Barcelona).
O crime de sedição pode resultar em uma pena de até 15 anis de prisão. No mesmo processo estão indiciados o chefe da polícia catalã, Josep Lluís Trapero, e uma auxiliar dele, Teresa Laplana, que permanecerão em liberdade, mas impedidos de deixar o país e com a obrigação de comparecer periodicamente ao tribunal.
Os autos apontam como Sánches e Cuixart como os "principais promotores e diretores" de uma concentração e 20 de setembro diante de um edifício do governo catalão onde a Polícia espanhola fazia buscas para impedir o referendo de autodeterminação na Catalunha de 1º de outubro.
Os manifestantes danificaram vários veículos policiais e dificultaram por horas a saída dos agentes.
Sánchez, presidente da Assembleia Nacional da Catalunha (ANC), e Cuixart, da Òmnium Cultural, subiram em um veículo da Guarda Civil espanhola e convocaram a "mobilização permanente".
A juíza determinou a prisão porque temia a possibilidade de "destruição de fontes de prova" ou "recorrência do delito", pois, afirmou, os dois pertencem a um "grupo organizado que busca fora das vias legais a independência da Catalunha".