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Catalunha inicia campanha de referendo em meio a tensão com Madri

A campanha oficial para a independência da região de 7,5 milhões de habitantes do nordeste da Espanha terá início com um grande comício

Catalunha: os separatistas, maioria no Parlamento regional desde 2015, têm duas semanas para mobilizar os simpatizantes (Albert Gea/Reuters)

Catalunha: os separatistas, maioria no Parlamento regional desde 2015, têm duas semanas para mobilizar os simpatizantes (Albert Gea/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de setembro de 2017 às 11h52.

Última atualização em 14 de setembro de 2017 às 11h53.

Os separatistas catalães, liderados pelo presidente regional, Carles Puigdemont, lançam nesta quinta-feira a campanha pelo "Sim" no referendo de autodeterminação de 1º de outubro, proibido pela Justiça, o que aumenta a tensão com o governo da Espanha, disposto a impedir a votação.

A campanha oficial para a independência desta região de 7,5 milhões de habitantes do nordeste da Espanha deve começar com um grande comício, marcado para as 20H00 locais (15H00 de Brasília) na antiga praça de touros de Tarragona, cidade de 130.000 habitantes e pouco inclinada à separação de Madri.

O evento contará com as presenças de Puigdemont, de seu vice-presidente Oriol Junqueras e de representantes dos principais partidos e associações independentistas.

A meta é lotar um espaço com capacidade para 10.000 pessoas.

Mas durante a manhã reinava a incerteza sobre o evento, depois da proibição em Madri de outro ato pró-referendo por um juiz, que considerou que não era possível celebrar em um local público uma reunião de promoção de um referendo ilegal.

Questionado sobre a questão por pela emissora privada Telecinco, a vice-presidente do governo espanhol, Soraya Saenz de Santamaria, não informou se uma ação legal estava em andamento para impedir o comício, limitando-se a dizer que "está proibido colaborar ou participar" neste referendo e "isso diz respeito a qualquer ato preparatório".

Uma autoridade catalã indicou, por sua vez, que os organizadores "foram prevenidos que estavam na ilegalidade".

Os separatistas, maioria no Parlamento regional desde 2015, têm duas semanas para mobilizar os simpatizantes e convencer os receosos em participar no referendo.

Em caso de vitória, eles prometem declarar república independente a Catalunha, região que concentra 16% da população espanhola e que contribui com 20% do PIB do país.

O governo de Puigdemont não estabeleceu um número mínimo de participação para considerar válido o resultado, mas conseguir uma alta mobilização é fundamental para sua credibilidade.

O cenário escolhido não é casual. Tarragona, a segunda capital de província de maior população da região, com uma importante indústria química e forte rejeição à independência, é governada por um prefeito socialista, Josep Félix Ballesteros, que se recusou a colaborar no referendo.

Os partidos contrários à independência não participarão na campanha do referendo, considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional, e pedem que seus eleitores não compareçam às urnas.

"Isto é um engano. Eles querem fazer um simulacro de referendo para justificar uma declaração de independência. Querem que as pessoas compareçam para legitimar resultados que já conhecem com antecedência", declarou Salvador Illa, secretário doPartido Socialista da Catalunha, contrário à votação.

O primeiro-ministro da Espanha, o conservador Mariano Rajoy, que visitará Barcelona na sexta-feira, também pediu aos cidadãos que não participem no referendo.

Desde a convocação, em 6 de setembro, do referendo, o governo e a Justiça atuam em todas as frentes para impedir a realização da consulta, ou pelo menos desacreditá-la.

A estratégia visa primeiro os organizadores - autoridades regionais e prefeituras - a quem a Justiça ameaçou com processos.

Mas tais ameaças têm contribuído para a campanha do 'Sim'. Das 948 prefeituras catalãs, 712 querem participar da consulta, colocando locais de voto a disposição, segundo a Associação das Municipalidades pela Independência (AMI).

"Vamos continuar a trabalhar para votar em 1º de outubro", declarou à imprensa na quarta-feira a presidente da AMI, Neus Lloveras.

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