Mundo

Catalunha encerra campanha para eleições regionais

Os separatistas esperam alcançar uma vitória esmagadora para lançar a pedra fundamental para a independência da Espanha


	Separatistas da Catalunha: presidente regional, o separatista Artur Mas, visa transformar a votação em um referendo a favor ou contra de uma nova República Catalã em 2017
 (REUTERS/Albert Gea)

Separatistas da Catalunha: presidente regional, o separatista Artur Mas, visa transformar a votação em um referendo a favor ou contra de uma nova República Catalã em 2017 (REUTERS/Albert Gea)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2015 às 12h35.

A Catalunha se aproximava de seu momento decisivo com o encerramento, nesta sexta-feira, da campanha para as eleições regionais de domingo, em que os separatistas esperam alcançar uma vitória esmagadora para lançar a pedra fundamental para a independência da Espanha.

No papel, são apenas algumas eleições regionais para renovar o parlamento desta região industrial do nordeste da Espanha, de 7,5 milhões de pessoas, entre os Pirinéus e o Mediterrâneo.

Mas durante as duas semanas da campanha, líderes nacionais desembarcaram na Catalunha, começando pelo chefe de governo conservador Mariano Rajoy.

O presidente regional, o separatista Artur Mas, visa transformar a votação em um referendo a favor ou contra de uma nova República Catalã em 2017, aumentando a tensão com Madri.

Após um século de divergências e tensões mais ou menos intensas com Madri pela língua - reprimida durante a ditadura de Francisco Franco (1939-1975) - e da fiscalidade, a paciência de muitos catalães acabou com a crise econômica.

Irritados com a invalidação parcial em 2010 pelo Tribunal Constitucional de uma lei regional que dava mais poderes ao governo regional, os nacionalistas pedem em vão desde 2012 um referendo de autodeterminação.

Dada a rejeição do governo de Rajoy, decidiram organizar um simbólico em novembro passado. Sem reconhecimento oficial, conseguiram 1,9 milhão de votos a favor da independência, de um total de 2,3 milhões de participantes.

Agora buscam uma maioria no parlamento regional (68 de 135), para lançar um processo de independência.

Os bancos, empregadores e mercados estão preocupados com as consequências na economia espanhola, que depois de uma longa crise começa a avançar, com um crescimento esperado de 3,3% em 2015.

Sem a Catalunha, o país perderia 25% de suas exportações, 19% do PIB, 16% da sua população, sua principal porta de entrada para a Europa e sua região mais turística.

Rajoy insistiu que "a Catalunha não será independente" e pediu uma votação "responsável".

Seus ministros não pararam de lançar advertências: uma secessão significaria a saída da União Europeia, uma taxa de desemprego de 37% e uma queda de 44% das pensões e aposentadorias.

"Estão nos empurrando para um abismo onde não quero cair", declarou Gregorio Parra, um pensionista de Barcelona de 69 anos.

Em contrapartida, a coalizão pró-independência "Juntos pelo Sim", que reúne conservadores, progressistas e associações civis, apela para a ilusão de um Estado "mais próspero, mais justo e mais limpo".

As últimas pesquisas apontam uma maioria separatista parlamentar, que receberiam 50% dos votos. Mas de acordo com Jose Pablo Ferrandiz, do instituto Metroscopia, apenas 20 ou 25% dos catalães são realmente a favor da independência.

Muitos querem lançar um "alerta", que "permitirá uma melhor posição para negociar" mais autonomia, diz.

Muito dependerá do "pós 27-S". Em entrevista à AFP, Artur Mas reconheceu que ainda era possível negociar um novo referendo. No entanto, se obtiverem a maioria dos votos, "o referendo já terá sido feito", disse

A chave estará com o governo formado após as eleições parlamentares de dezembro, onde Rajoy poderia perder o poder.

Acompanhe tudo sobre:CatalunhaEleiçõesEspanhaEuropaPiigs

Mais de Mundo

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo

Quais países têm salário mínimo? Veja quanto cada país paga

Há chance real de guerra da Ucrânia acabar em 2025, diz líder da Conferência de Segurança de Munique

Trump escolhe bilionário Scott Bessent para secretário do Tesouro