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Pedofilia e escândalo do Vatileaks abalaram pontificado

Casos de padres pedófilos colocaram em xeque as igrejas da Irlanda, Estados Unidos, Alemanha, Áustria e Bélgica, entre outras


	Bento XVI anunciou que deixará de ser o líder da Igreja Católica no dia 28 de fevereiro
 (Gabriel Bouys/AFP)

Bento XVI anunciou que deixará de ser o líder da Igreja Católica no dia 28 de fevereiro (Gabriel Bouys/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2013 às 20h20.

Cidade do Vaticano- Os casos de abusos sexuais contra menores cometidos por padres e o escândalo do roubo e vazamento de documentos reservados do papa, conhecido como 'Vatileaks', abalaram o pontificado de Bento XVI, que declarou 'tolerância zero' diante da pedofilia.

Os escândalos de padres que cometeram crimes sexuais tornou 2010 um ano complicado para Bento XVI, que foi acusado por associações de vítimas de ter encoberto alguns destes casos, o que o Vaticano desmentiu taxativamente.

O ano de 2010, o quinto de seu pontificado, foi considerado um dos mais delicados e difíceis para Bento XVI, já que os casos de padres pedófilos coloram em xeque as igrejas da Irlanda, Estados Unidos, Alemanha, Áustria e Bélgica, entre outras.

O Vaticano denunciou uma campanha para atacar o papa a qualquer preço e ressaltou que Joseph Ratzinger foi o pontífice que mais fez contra os abusos sexuais na Igreja.

Após dezenas de casos nos EUA, várias dioceses quebraram devido ao pagamento de indenizações milionárias. Além disso, a divulgação dos relatórios 'Ryan' e 'Murphy' atingiram em cheio a Igreja ao revelarem abusos sexuais cometidos por sacerdotes durante décadas contra centenas de crianças irlandesas, sobretudo na arquidiocese de Dublin, de 1975 a 2004.

Diante da situação, Bento XVI chamou os bispos irlandeses ao Vaticano e exigiu que eles enfrentassem o problema com determinação. Além disso, o papa ordenou uma inspeção nas dioceses envolvidas e qualificou os abusos de 'crime atroz'. Em carta enviada aos católicos irlandeses, Bento XVI pediu perdão às vítimas.

O pedido de perdão do papa ocorreu em várias outras ocasiões e Bento XVI se reuniu com vítimas dos abusos durante suas viagens aos Estados Unidos, Malta, Reino Unido e Austrália.

Em Londres, admitiu pela primeira vez que a Igreja não foi suficientemente 'vigilante, veloz e decisiva' na hora de enfrentar os abusos sexuais contra menores.

Durante sua viagem a Portugal, disse que o 'perdão não substitui a justiça'.

Para enfrentar o assunto, o Vaticano atualizou o Código de Direito Canônico e introduziu o delito de posse de pornografia infantil pelo clero.

No meio desses escândalos, o papa castigou o sacerdote mexicano Marcial Maciel, fundador da poderosa congregação Legionários de Cristo, por abusar sexualmente de seminaristas menores e 'outros graves comportamentos', como consumo de drogas e ter filhos com várias mulheres.

Bento XVI o definiu como um 'falso profeta' e reconheceu que o caso foi enfrentado 'com muita lentidão' pois 'estava muito bem encoberto'.

Quando tudo parecia se acalmar, o escândalo 'Vatileaks' sacudiu em 2012 o Vaticano e colocou a Cúria Romana na berlinda ao revelar intrigas no pequeno Estado.

Tudo começou quando uma rede de televisão italiana publicou cartas enviadas pelo atual núncio nos Estados Unidos, Carlo Maria Vigano, a Bento XVI, nas quais denunciava a 'corrupção, prevaricação e má gestão' na administração vaticana.

Em 19 de maio, o escândalo explodiu: chegou as livrarias o livro 'Sua Santidade', do jornalista italiano Gianugi Nuzzi, que reúne mais de uma centena de documentos reservados da Santa Sé e enviados ao papa e seu secretário, George Ganswein.

Em 23 de maio, o mordomo do papa Paolo Gabriele foi detido, após ser encontrado em seu domicílio milhares de documentos copiados e originais enviados ao pontífice. Também foi encontrado um cheque no valor de 100.000 euros doado pela Universidade Católica de Múrcia (Espanha) ao papa.

'Paoletto', como é conhecido, disse que o pontífice é uma pessoa 'manipulável', que estava mal informado e que 'tinha que saber' o que ocorria no Vaticano.

O mordomo foi condenado a 18 meses de prisão e perdoado por Bento XVI no Natal passado. EFE

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