Jay Carney, porta-voz da Casa Branca: Al Qaeda "não é a única ameaça" e seus grupos filiados "são um problema" (Brendan Smialowski/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2011 às 17h26.
Washington - Dez anos depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o levantamento civil nos países árabes é um sinal claro de que a ideologia da rede Al Qaeda e de seu líder Osama bin Laden "fazem parte do passado", segundo o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Em entrevista a um reduzido grupo de jornalistas por causa do 10º aniversário dos atentados de 2001, o porta-voz do presidente Barack Obama indicou desde os ataques, os Estados Unidos "deram passos enormes para melhorar sua segurança", mas a Al Qaeda "continua sendo uma ameaça contra os EUA e todo o mundo e não se pode retroceder na luta" contra esta organização terrorista.
O líder da rede e responsável pelos atentados de 11/9, Osama bin Laden, morreu no Paquistão em maio passado pelas mãos de um comando especial americano, mas a rede continua ativa e, segundo admitiu a secretária de Estado, Hillary Clinton, está por trás da ameaça "real", embora não confirmada, de que os Estados Unidos receberam recentemente sobre um ataque neste domingo.
Com relação a isso, Carney lembra que a Administração (americana) desenvolveu há quatro meses "um processo de preparação" sobre a possibilidade de ameaças, depois da descoberta na casa onde vivia Bin Laden de documentos com alusões ao aniversário dos dez anos dos atentados.
Mas Al Qaeda "não é a única ameaça" e seus grupos filiados "são um problema". "É um inimigo de múltiplas cabeças que temos de combater", assinalou.
Dez anos depois dos atentados um dos sinais encorajadores e uma das grandes mudanças foram os recentes levantamentos da "primavera árabe" em países do Oriente Médio contra seus dirigentes exigindo mudanças democráticas.
"Uma coisa que é muito diferente hoje em dia de onde estávamos há dez anos é o que presenciamos neste ano no mundo árabe: o repúdio a partir das ruas nesses países da ideologia que alimentou Al Qaeda".
O caminho que possam continuar os países levantados contra seus regimes ditatoriais é ainda incerto, segundo admite Carney.
A guerra civil persiste na Líbia à espera de determinar o paradeiro de Muammar Kadafi e no Egito os manifestantes atacaram na sexta-feira a Embaixada israelense, em distúrbios que causaram três mortos e colocaram em xeque as relações entre Israel e Cairo.
Carney revelou que as revoluções nesses países "em geral são sinal extremamente estimulante sobre o fato de que a ideologia de Osama bin Laden (o líder da Al Qaeda morto em maio) vai ficando atrás. É parte do passado".
O presidente americano deve somar-se neste domingo às comemorações do aniversário em Nova York, onde morreram nas Torres Gêmeas as cerca de 3 mil vítimas dos atentados do 11/9.
Uma coroa de flores também será depositada em Shanksville (Pensilvânia), assim como ao Pentágono, o terceiro dos alvos dos 19 terroristas da Al Qaeda que naquele dia sequestraram quatro aviões e os derrubaram, no pior episódio terrorista na história dos EUA.
Obama concluirá sua participação nos eventos com um discurso na cerimônia em Washington, na qual lembrará a capacidade de recuperação do país após aqueles ataques e o espírito de unidade que caracterizou os dias seguintes ao atentado.
Segundo adiantou Carney, o presidente lembrará em seu discurso que "cidadãos de todo o mundo foram vítimas de atos de terrorismo similares aos perpetrados por terroristas da mesma ideologia".
O presidente deve ressaltar que os "EUA não estão nem estarão jamais em guerra com o Islã". "Não somente os muçulmanos foram vítimas do terrorismo em números muito superiores aos que nós sofremos, o fato é que em nossa luta contra o terrorismo os muçulmanos são nossos sócios, em solo americano e no exterior", destacou.