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Tarifas dos EUA para a China chegam a 245%, mas medida vale para poucos itens

Valor foi considerado ao citar produtos que possuem taxas acumuladas; cobrança geral segue em 145%

Agentes patrulham arredores da Casa Branca (Kevin Dietsch/AFP)

Agentes patrulham arredores da Casa Branca (Kevin Dietsch/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 16 de abril de 2025 às 10h12.

Última atualização em 16 de abril de 2025 às 11h54.

A Casa Branca publicou, na noite de terça-feira, 15, um material explicativo no qual cita uma tarifa de importação de até 245% sobre a China. Para se chegar a este valor, foram considerados itens que possuem taxas acumuladas. Assim, a tarifa básica geral de 145% para todos os itens seguem em vigor.

O material foi atualizado nesta quarta-feira, 16, com mais detalhes. A taxa de 145%, em vigor desde semana passada, deve ser somada com outras taxas, como a Seção 301 (um regulamento tarifário). Com isso, agulhas e seringas importadas chegam a ser taxadas em 245%, pois possuem taxas extras de 100%, além dos 145%.

Além deles, alguns outros produtos possuem tarifas acima de 145%, como baterias de lítio (173%), suéteres de lã (169%) e carros elétricos (148%).

O valor de 245% foi citado em um "fact sheet", material que a Casa Branca costuma divulgar para explicar decisões e projetos do governo, sem força de lei.

No documento, os 245% são citados em meio a uma lista de ações já tomadas nas últimas semanas. "A China agora encara uma tarifa de até 245% sobre as importações para os Estados Unidos, como resultado de suas ações de retaliação", diz a nota.

Na semana passada, Trump oficializou uma cobrança de 145% sobre importações chinesas, por meio de ordem executiva. A cobrança entrou em vigor em 9 de abril.

Essa fact sheet que cita os 245% foi publicada com uma nova ordem executiva, assinada por Trump na terça, em que ele determina uma investigação sobre a dependência dos EUA em relação a minerais críticos importados. Um relatório deverá ser entregue em até 90 dias e, a partir dele, serão tomadas medidas. A ordem executiva não determina novas tarifas.

Para que novas tarifas entrem em vigor, elas precisam ser oficializadas pelo governo, geralmente por meio de uma ordem executiva, de modo a alterar as regras atuais.

Entenda a guerra comercial de Trump

Desde que tomou posse, em janeiro, Trump passou a implantar tarifas de importação. Em abril, ele fez um movimento mais amplo e impôs uma taxa mínima global de 10% a todos os países, com algumas exceções. A China foi alvo de uma tarifa maior, que após vários aumentos, chegou a 145%.

As novas tarifas marcam o maior aumento desde a década de 1930 e mudarão a dinâmica do comércio global, aponta uma análise da consultoria Moody's.

"As ferramentas protecionistas aumentam a complexidade e o custo do comércio global e enfraquecem as perspectivas de crescimento, especialmente para economias dependentes do comércio, bem como para muitos setores. A incerteza já está pesando sobre a confiança empresarial e atrasando o investimento", afirma a Moody's.

A agência aponta ainda que as tarifas aumentam o risco de recessão nos EUA e reduzem a perspectiva de crescimento dos países do G20.

Trump defende o contrário: ele considera que as tarifas são uma ótima forma de aumentar a riqueza dos EUA, pois elas iriam ajudar a reduzir o déficit comercial do país e fazer outros países se comprometerem a comprar mais itens americanos. Ele diz ainda que a medida aumentará a arrecadação de impostos e gerará mais empregos no país.

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