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Cartes tem desafio de reincorporar Paraguai ao Mercosul

A fórmula encontrada pelo novo presidente para não ferir seu partido foi manter reuniões bilaterais com o Brasil, a Argentina e o Uruguai


	O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes: a primeira reunião bilateral foi ontem (14) com a presidente Dilma Rousseff
 (REUTERS/Mario Valdez)

O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes: a primeira reunião bilateral foi ontem (14) com a presidente Dilma Rousseff (REUTERS/Mario Valdez)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2013 às 07h19.

Assunção – O empresário Horacio Cartes assume hoje (15) a Presidência do Paraguai com o desafio de reincorporar o país ao Mercosul, sem ferir as suscetibilidades de seu partido, o Colorado.

A fórmula encontrada por Cartes foi manter reuniões bilaterais com os presidentes dos outros três países fundadores do bloco regional: o Brasil, a Argentina e o Uruguai. Dessa forma, poderá reaproximar o país dos vizinhos, sem manter contato direto com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, considerado persona non grata pelo Congresso paraguaio.

A primeira reunião bilateral foi ontem (14) com a presidente Dilma Rousseff, que desembarcou à noite em Assunção e foi direto para a casa de Cartes. Hoje (15), ele deverá se reunir com os presidentes do Uruguai, Jose Pepe Mujica, e da Argentina, Cristina Kirchner.

À saída do encontro, Dilma falou da importância da reincorporação do Paraguai ao Mercosul – tanto para os paraguaios, quanto para os demais países. Ela citou, como exemplo, os investimentos em projetos de integração regional – como a utilização de recursos do Focem (o fundo de desenvolvimento dos países do Mercosul) para construir uma linha de transmissão de energia da Hidrelétrica de Itaipu a Assunção.

Em relação à integração política, Dilma deu apenas uma garantia: “Ele (Cartes) me disse que comparecerá à reunião do próximo dia 30, da Unasul [a União de Nações Sul-Americanas]”. O Paraguai foi suspenso do Mercosul e da Unasul em junho do ano passado, depois da destituição do então presidente Fernando Lugo.


A Constituição paraguaia prevê o impeachment, mas os governos regionais questionaram a rapidez com a qual o Congresso paraguaio (de maioria opositora) afastou Lugo do cargo: em menos de 24 horas, o ex-bispo esquerdista foi julgado por “mau desempenho” de suas funções e substituído pelo vice, Federico Franco (do tradicional Partido Liberal), tendo apenas duas horas para se defender das acusações.

Por considerar o processo um “golpe parlamentar”, os três sócios paraguaios no Mercosul e os outros 11 membros da Unasul excluíram o Paraguai dos dois blocos até a posse de um novo presidente eleito.

Tão logo tomaram essa decisão, o Brasil, a Argentina e o Uruguai anunciaram a entrada da Venezuela no Mercosul. A adesão do país tinha sido vetada, até então, pelo Congresso paraguaio. Ao ser suspenso do Mercosul, o Paraguai ficou sem voz nem voto nas decisões do bloco – apesar de não perder privilégios econômicos e comerciais.

Com Cartes, a situação deveria voltar ao normal. Mas o novo presidente foi eleito pelo Partido Colorado – o mesmo que governou o país durante 61 anos consecutivos (35 deles em ditadura) até ser derrotado em 2008 por Lugo. E foram os colorados, juntamente com os liberais, que cassaram Lugo, vetaram a entrada da Venezuela no Mercosul e declararam o presidente venezuelano persona non grata.

Para Cartes, voltar ao Mercosul no momento em que a Venezuela exerce a presidência pro tempore equivale a iniciar o mandato desafiando as bases eleitorais.

Por isso, ele indicou que só vai participar dos encontros do bloco quando o mandato venezuelano terminar. Maduro sequer foi convidado para a cerimônia de posse hoje (15). Mas, ao assegurar sua presença na reunião da Unasul no Suriname, no próximo dia 30, Cartes deixou uma porta aberta para a negociação: Maduro deve estar presente no encontro, mas como convidado e não como anfitrião.

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