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Cartéis da droga obrigam ativistas a fugir do México

Nos últimos dois anos, foram cinco ativistas assassinados pelo crime organizado, e 12 que tiveram de deixar o país

Ciudad Juárez, no México: apenas 10 ativistas permanecem na cidade mais violenta do país (Daniel Schwen/Wikimedia Commons)

Ciudad Juárez, no México: apenas 10 ativistas permanecem na cidade mais violenta do país (Daniel Schwen/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2011 às 08h40.

Ciudad Juárez, México - Os cartéis da droga que atuam em Ciudad Juárez, a cidade mais violenta do México, conseguiram reduzir notavelmente a comunidade de ativistas pró-direitos humanos no país, já que muitos fugiram para os EUA com medo de represálias, depois que alguns de seus companheiros acabaram mortos.

Nos últimos dois anos, cinco ativistas foram assassinados pelo crime organizado e 12 deixaram o país, revelou na segunda-feira à Agência Efe o comissário de Direitos Humanos no estado de Chihuahua, Gustavo de la Rosa Hickerson.

"Dos 27 ativistas, agora somos dez. Os outros pediram asilo nos Estados Unidos ou foram mortos", disse Hickerson.

O caso mais recente é o de Susana Chávez, poeta e ativista, que criou um movimento para protestar contra os assassinatos de mulheres na cidade - mais de 500 desde 1993 -, a maioria impune. Ela foi estuprada, mutilada e assassinada em 11 de janeiro por três pessoas, inclusive um menor.

Apenas um mês antes desse crime, a ativista Marisela Escobedo foi assassinada em frente à sede do Governo de Chihuahua quando pedia justiça pela morte de sua filha, cujo assassino confesso foi libertado.

Outro assassinato que chocou o país foi o de Josefina Reyes, ativista durante mais de duas décadas, por um grupo de homens na estrada que leva ao Vale de Juárez.

Em novembro de 2010, a ativista Flor Alicia Gómez foi estuprada e assassinada e, em setembro de 2009, Paz Rodríguez Ortiz, fundador de uma associação pró-direitos humanos, foi morto diante de sua mulher.

Os cinco defensores de direitos humanos são, no entanto, apenas alguns dos casos de violência registrados em Ciudad Juárez nos últimos anos. Em pouco mais de dois anos, cerca de 6,5 mil pessoas foram assassinadas na cidade, fronteiriça com a americana El Paso.


Por isso muitos pedem asilo no país vizinho. Esse é o caso de Cipriana Jurado, de 46 anos, que desenvolve um trabalho para tentar melhorar as condições trabalhistas dos operários de fábricas.

Mais tarde, passou a ajudar as famílias que buscam os restos de suas filhas desaparecidas e assassinadas em Ciudad Juárez.

Um dos casos mais trágicos é o da família de Josefina Reyes, que foi assassinada e teve vários de seus familiares mortos.

Em 12 de março, Marisela Ortiz, diretora de uma ONG, saiu da cidade diante das ameaças de morte deixadas em frente a uma escola de ensino médio, escritas em uma cartolina.

Hickerson afirmou não ter medo de ser o próximo alvo dos criminosos e considerou que a situação em Ciudad Juárez requer mais pessoas comprometidas com os direitos humanos.

"Não tenho medo. Devemos nos sentir seguros. No momento em que se perde a confiança, é melhor parar. Jamais se deve perder a perspectiva do que se está fazendo", afirmou.

Ele assegurou ter recebido ameaças recentes e ter tomado precauções.

"Há fatos que fazem a gente perder a certeza. Eu ainda acho que podemos resolver esta situação. Recebemos ameaças, mas, com algumas precauções, é possível continuar trabalhando", declarou.

Segundo Hickerson, ser ativista "é uma espécie de vocação".

"Não é muito frequente encontrar pessoas que coloquem sua vida em risco para defender os direitos de outros", acrescentou o ativista, quem disse ainda que é necessário um "maior reconhecimento institucional".

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