O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos no discurso de abertura da Cúpula das Américas (©AFP / Luis Acosta)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2012 às 20h35.
Cartagena - Enquanto se esvaziava de turistas e vendedores ambulantes, a super protegida Cartagena das Indias viveu nesta sexta-feira um dia frenético com a chegada dos presidentes e as reuniões prévias à 6ª Cúpula das Américas.
Essa intensidade contrasta com as ruas vazias de pessoas comuns, que viram restringidos seus passeios naquela que normalmente é uma cidade agitada, como corresponde a qualquer lugar do Caribe, hoje sob o olhar atento de 20 mil policiais.
Já nos dois últimos dias haviam chegado a Cartagena alguns presidentes, entre eles o chileno Sebastián Piñera e o mexicano Felipe Calderón, mas o primeiro a chegar hoje foi o boliviano Evo Morales.
E após uma procissão de líderes pisou em solo colombiano o presidente mais esperado: Barack Obama.
As reuniões políticas aconteceram em vários frentes, uma delas foi o denominado Diálogo Político entre atores sociais e chanceleres, do qual participaram alguns presidentes como o anfitrião, Juan Manuel Santos e Morales, encarregado do encerramento da reunião.
O líder boliviano aproveitou o púlpito, mas principalmente a presença da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, para pedir que a Casa Branca fique ao lado do resto da América para acabar com a exclusão de Cuba destas cúpulas e apoiar a Argentina em sua reivindicação de soberania sobre as Ilhas Malvinas.
''Peço à secretária de Estado que se some a todos os países da América à iniciativa de convocar Cuba a todas as Cúpulas das Américas'', disse Morales.
E, entre aplausos, acrescentou: ''Espero que os EUA se juntem a nós para dizer que as Malvinas são da Argentina, porque as Malvinas são da América'', ao que o chanceler argentino, Héctor Timerman, respondeu com um gesto de agradecimento.
Esse apoio à reivindicação argentina de soberania sobre as Malvinas também veio do chanceler peruano, Rafael Roncagliolo.
Porém, o panamenho Roberto Henríquez, em declarações à imprensa de seu país deixou as coisas claras: apesar de Malvinas e Cuba ''tomarem muito tempo'' das discussões, não haverá acordos definitivos.
Também não há consenso no debate sobre drogas, o terceiro assunto espinhoso desta cúpula. Mesmo assim, o líder guatemalteco, Otto Pérez Molina, voltou a defender a descriminalização em sua chegada a Cartagena, onde assegurou que ''continuar fazendo o mesmo'' na luta contra o narcotráfico é ''estar fora de lugar''.
Foi seu colega salvadorenho, Mauricio Funes, que reconheceu antes de partir para a Colômbia que neste tema não se puseram de acordo nem mesmo os centro-americanos, já que em seu caso mais que a descriminalização procura ajuda internacional para seu plano de segurança.
Para isso as nações centro-americanas realizarão amanhã uma reunião, antes da Cúpula, para buscar uma posição comum em relação às drogas, por ser esta uma das regiões mais afetadas pela violência derivada do narcotráfico.
Durante esta sexta-feira o presidente mais ativo foi o anfitrião, o colombiano Santos, que além de participar do Diálogo Político inaugurou o Fórum Empresarial das Américas, o primeiro realizado no marco desta cúpula.
''Se há algo pelo qual nós os latino-americanos devemos nos envergonhar - e eu sinto vergonha como dirigente - é a tremenda iniquidade que temos neste continente. Essa iniquidade nos impede realmente de progredir'', afirmou Santos perante os chanceleres das Américas, região na qual vivem 177 milhões de pobres.
Também estava presente Hillary Clinton, que depois afirmou que as Américas necessitam da sociedade civil ''mais do que nunca'' para superar as desigualdades sociais e étnicas.
Exatamente a pobreza e a desigualdade são dois dos temas centrais da 6ª Cúpula das Américas, que inclui outros como segurança, acesso às tecnologias, integração física, desastres naturais e meio ambiente.
Também chegaram hoje à Cartagena a presidente da Costa Rica, Laura Chinchila, o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, e o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper.
São esperados ainda Fernando Lugo, do Paraguai; Cristina Kirchner, da Argentina; Ollanta Humala, do Peru; e Dilma Rousseff, além de primeiros-ministros e presidentes de países do Caribe.
Por enquanto não há confirmação da hora de chegada de outro dos mais esperados, o venezuelano Hugo Chávez.
A imprensa de Venezuela e Colômbia assinalaram que, por recomendação de seus médicos, Chávez, em tratamento contra um câncer, não chegará até amanhã e permanecerá poucas horas em Cartagena.