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Carro de lobista doado a coveiro levanta suspeita

Paulo César Ribeiro, o Paulão, cunhado de Geraldo Alckmin, tentou "lavar" seu patrimônio pessoal doando bens a terceiros, inclusive a um coveiro de Pindamonhangaba

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: seu cunhado tentou lavar patrimônio pessoal (Wikimedia Commons)

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: seu cunhado tentou lavar patrimônio pessoal (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 08h33.

São Paulo - Ministério Público (MP) suspeita que o lobista Paulo César Ribeiro, o Paulão, cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), tentou "lavar" seu patrimônio pessoal doando bens a terceiros, inclusive a um coveiro de Pindamonhangaba, Vale do Paraíba.

Documentos de posse de promotores de Justiça que investigam suposto envolvimento de Ribeiro em contratos fraudulentos para fornecimento de merenda escolar a administrações municipais indicam que o lobista transferiu para o nome de um seu funcionário, Lourival, uma Ford Ranger. Terrenos foram "doados" a outros empregados.

O próprio Paulão admitiu o expediente aos promotores de Justiça Leonardo Rezek Pereira e Paula Gizzi de Almeida Pedroso, a quem prestou declarações em 20 de outubro de 2007 e em 18 de junho de 2010 nos autos do inquérito civil 34/07. “Dei uma caminhonete para o senhor Lourival em razão de dívida de gratidão. Outros funcionários, há um tempo atrás, receberam como doações alguns terrenos pelo mesmo motivo.”

O inquérito fez emergir detalhes sobre licitações que teriam sido dirigidas em troca de doações para campanhas eleitorais e enriquecimento ilícito de políticos e empresários. Paulão é sócio do Cemitério Memorial da Paz, em Pindamonhangaba. “Não foi imposta nenhuma condição para a doação”, declarou o lobista, irmão de Lu Alckmin, mulher do governador. “A caminhonete foi paga em dinheiro.”

Ele acrescentou que, “em regra”, o veículo - depois vendido - era dirigido por ele, “uma vez que Lourival sequer possui CNH, apesar de saber dirigir”. O lobista afirmou que a venda da Ranger só ocorreria com a anuência de Lourival. Os promotores constataram que ele tomou providência em cartório de notas para não perder o controle sobre o patrimônio.

Em escritura pública, Lourival outorgou a Paulão direitos de venda da Ranger. Paulão foi evasivo quanto ao local onde ficava estacionado o carro. “Às vezes fica na casa do declarante, às vezes no Memorial e outras na casa de Lourival.”

Os promotores trabalham com a hipótese de que o lobista construiu seu legado com propinas que teria angariado de prefeituras. O advogado Gilberto Menin, sócio do Menin Advogados que defende Paulão, rebate categoricamente. “Posso afirmar que meu cliente não praticou qualquer ato ilícito.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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