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Carro-bomba mata mais de 50 em Damasco

Um terrorista suicida detonou seu carro repleto de explosivos na frente de uma barreira de blocos de concreto que obstruiu a entrada da sede do partido Baath

Destroços após a explosão do carro-bomba em Damasco (AFP)

Destroços após a explosão do carro-bomba em Damasco (AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 23h33.

Damasco - Um atentado suicida com carro-bomba perto da sede do partido governante, Baath, no centro de Damasco, deixou nesta quinta-feira 59 mortos e dezenas de feridos, em sua maioria civis, segundo a TV pública síria.

O regime sírio acusou grupos "terroristas" ligados à Al-Qaeda de ter realizado o ataque que ocorreu por volta das 10h00 local, em um horário de grande movimento no bairro de Mazraa.

Um terrorista suicida detonou seu carro repleto de explosivos na frente de uma barreira de blocos de concreto que obstruiu a entrada da sede do partido Baath, no poder há meio século no país.

Imagens divulgadas pela rede de televisão mostravam veículos destruídos pelo fogo, uma espessa fumaça negra, corpos ensanguentados e edifícios danificados.

"Este atentado terrorista foi realizado por grupos armados terroristas ligados à Al-Qaeda e que recebem apoio financeiro e logístico", declarou o ministério sírio das Relações Exteriores em um comunicado. O regime sistematicamente chama os rebeldes de "terroristas" financiados pelo exterior.

"Esta é a liberdade que querem? Este é o Exército Sírio Livre?", perguntou um homem, referindo-se ao rebelde ESL, ao ser interrogado pela rede de televisão síria no local dos incidentes.

"É terrorismo e chamam isso de Islã?", declarou à televisão um dos feridos.

A explosão provocou a quebra dos vidros das janelas da embaixada da Rússia, sem deixar feridos, informaram as agências de notícias de Moscou.

A Rússia é uma das poucas potências estrangeiras que apoiam o regime de Damasco e que continua com uma presença diplomática na capital.

A rede de televisão oficial e o opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) afirmaram que se tratava de um atentado suicida.

Ao menos 59 pessoas, em sua maioria civis, foram mortos, segundo um balanço do OSDH. O ataque não foi reivindicado.

O Al-Ejbariya, o canal oficial, afirmou que entre os feridos há crianças, "já que existe uma escola próxima" ao local da explosão.


Um policial afirmou que o carro explodiu na Praça 16 de Novembro, perto da mesquita Al-Iman, onde se encontra a sede do partido Baath, no poder na Síria há meio século.

A AFP ouviu o som das sirenes das ambulâncias e disparos de armas automáticas.

O chefe da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), Nayef Hawatmeh, ficou levemente ferido no atentado, informou um porta-voz da organização com sede na Síria.

O OSDH afirma que outros dois carros-bomba também explodiram perto de dois postos dos serviços de segurança no bairro de Barzé, no norte da capital.

Vários atentados mortíferos, dirigidos principalmente contra os edifícios governamentais, sacudiram Damasco nos últimos meses. A maioria deles foi reivindicado pelos rebeldes islamitas.

Pouco depois do atentado e em um novo desafio ao regime, os rebeldes dispararam dois obuses que caíram na sede do Estado-Maior sírio, também no coração de Damasco.

Paralelamente, 13 pessoas morreram em um atentado duplo com carro-bomba em Barzé, bairro ao norte da capital.

A opositora Coalizão de Oposição síria denunciou o atentado terrorista com carro-bomba e classificou de criminosos os ataques contra civis, "independentemente de quem for o autor".

As tropas do regime impedem há meses que os rebeldes entrem em Damasco, centro do poder, e os atacam com aviões e artilharia pesada nos arredores da capital.

Vários atentados atingiram nos últimos meses Damasco, tendo como alvo prédios governamentais da Inteligência e da Segurança, a maioria reivindicado pelos jihadistas da Frente Al-Nosra, que combatem o regime ao lado dos rebeldes.

Os rebeldes têm multiplicado suas ofensivas na capital, fortemente controlada pelo poder, enquanto o Exército bombardeia suas posições na periferia e em diferentes frentes de batalha pelo país.

Ao menos 138 pessoas morreram nesta quinta-feira em meio à violência na Síria, incluindo 97 civis, 24 soldados e 20 rebeldes.

Num momento em que o vizinho Líbano procura se manter distante do conflito sírio, o ESL ameaçou atacar a partir de quinta-feira as posições do movimento libanês Hezbollah, acusado de bombardear localidades rebeldes na Síria, em uma escalada que volta a aumentar os temores de uma extensão do conflito.

Por sua vez, a oposição no exílio estava reunida no Cairo para examinar a proposta de seu líder, Ahmed Moab al-Khatib, de realizar negociações com representantes do regime, com o objetivo, segundo ele, de terminar conseguindo que o presidente Bashar al-Assad abandone o poder.

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